
Coincidências do destino, ou não, encontrei a velha senhora no balcão. Ela estava lá com seu olhar cheio de vingança...
Quem guardaria na memória uma história tão boba daquelas há tanto tempo? No fim das contas ninguém saiu ferido, mas ela fazia questão de exibir que não tinha o perdão no seu coração.
Fui me aproximando dela, meio sem saber o que fazer, mas precisava chegar ao balcão: não podia simplesmente sair da loja sem pagar! Para piorar tudo, ela saiu do caixa e veio em minha direção!
Nosso olhares se encontraram rapidamente, mas se desviaram tão rápido quanto: nenhum de nós queria pagar pra ver...
Passo a passo estávamos indo de encontro a tudo aquilo que não queriamos enfrentar: tanta coisa besta de um passado que deixou cicatrizes no coração dela e me fazia sentir seu olhar de reprovação, como se eu fosse o mais vil dos vilões que já se imaginou sobre a Terra...
Um velhinho entrou no nosso caminho, de forma que não havia para onde desviar e fugir ao encontro. Caminhamos até que a proximidade foi tamanha que não havia para onde fugir. Fingir que não estavámos nos vendo seria até mesmo ridículo. E, com certeza, não havia como dizer que não nos reconhecemos.
Foi então que nos olhamos bem de perto. Bruscamente a expressão em seu rosto se transformou. Ela abrium um sorriso quase sinistro e desferiu:
- Oi! Tudo bem?
-Tudo...
Passamos então um pelo outro, um pouco mais aliviados por poder enfim adiar (até quando?) a solução destas situações mal resolvidas que a vida faz questão de nos cobrar mais cedo ou mais tarde...