
Ela estava correndo atrás de uma borboleta e gargalhando na fazenda do tio. Tinha a liberdade e a alegria da infância tranbordando por seus poros. Só tinha um objetivo: brincar com sua nova amiga borboleta.
O primo, dois anos mais velho, apenas a observava de longe. Ele era muito calado e contido. Não conseguia se envolver tanto quanto sua prima nesse deslumbramento pelas belezas naturais.
De repente, ela parou bruscamente de correr e deu um grito da pavor. Havia uma serpente a sua frente, preparando-se para um bote.
Ele sabia que precisava fazer algo para ajudar a prima. Foi andando até ela calmamente, mas com a agilidade necessária. Chegou ao lado da prima e fez um sinal, pedindo silêncio. Ela obedeceu, tentando controlar o pânico. Ele se ajoelhou e foi devagar se aproximando da cobra. Quando seu rosto estava bem próximo da peçonhenta, sussurou:
- Calma! Ela é só uma garota e não vai te fazer mal...
Ele deu um beijo no rosto coberto de escamas frias, com toda ternura. Em agradecimento, a serpente se enrolou num dos pés dele, como que a abraçá-lo. Depois saiu em movimentos curvilíneos suaves.
A borboleta que a menina perseguia pousou no ombro dele delicadamente. Ele, a prima e a borboleta ficaram parados, completamente imóveis, olhando a cobra se afastar por alguns instantes.