Amanheceu. E o dia estava claro.
domingo, janeiro 19, 2025
O SOL NASCE DE NOVO
Amanheceu. E o dia estava claro.
domingo, janeiro 12, 2025
FAROFA
Ela vinha com seu cachorro na coleira andando devagar pelo passeio. Farofa era o nome dele. Ela reservava uma hora do dia para se dedicar ao Farofa, todos os dias, às 20 horas e 30 minutos. Tinha sempre um grande sorriso no rosto, enquanto caminhava com seu amigo.
Farofa andava devagar porque já tinha 15 anos. Farejava bastante o ambiente, procurando os aromas escondidos em cada lugar. De quando em quando, parava e olhava para a sua tutora com um misto de reverência, amor e pedido de permissão para continuar a caminhar.
Era perceptível a cumplicidade dos dois. Qualquer um podia ver que eram muito felizes pela presença um do outro em suas vidas. Uma parceria bonita de se ver.
Ela trabalhava fora o dia todo e, quando chegava em casa, era uma alegria sem fim, para os dois. O cãozinho feliz pela volta dela e ela feliz pela calorosa recepção. Em seguida, depois de comerem alguma coisa, eles saiam para suas aventuras juntos.
Farofa foi um presente inesperado. Ele havia sido abandonado ainda filhote na praça do bairro. Ela estava passando para ir comprar pão, quando o viu lá na praça. Comoveu-se. Sem pensar muito, o tirou dali e o levou para seu apartamento. Não se arrependeu: ele era comportado e uma boa companhia.
Tantos momentos passaram juntos. As memórias eram ricas, cheias de sons, cores e cheiros. Dava pra escrever um livro!
Esse convívio era pleno. Um ensinou ao outro a lição mais importante de nossas existência: a importância do amor. Só o amor vale a pena.
domingo, janeiro 05, 2025
HORA DE REGRESSAR
Ela me mandou uma mensagem. Li com carinho nos olhos. Mas a mensagem não era dela. Era de um anjo, agora eu sei.
quarta-feira, junho 28, 2017
DEGLUTINDO E REGURGITANDO
Era uma agonia com todos os motivos pra ser feliz.
Estava vazio, tão vazio...
O frio, os dias que não acabam,
o descanso que nunca vem.
Viu o filme e sentiu
que um pedaço de si queria falar.
Mas duvidava da voz que soava.
Era a sombra ou seu coração?
Perseguido por um nó na garganta.
Já estava deixando de se conhecer mais uma vez.
Porque o cinza resolveu se instalar
nos seus dias, no seu corpo.
Encontraria ainda a chave pra sair?
Haveria ainda a luz após a escuridão?
terça-feira, fevereiro 07, 2017
POENTE
Cada ano a mais
é um osso a mais
que dói no cotidiano.
Cada verão a mais
é um morro a menos
que subo a pé sem me cansar.
Cada ciclo a mais
é um comprimido a mais
que tomo pra dormir.
Cada período a mais
é uma descoberta
de mais uma ruga.
Cada tempo a mais
é um sonho a menos
que é possível realizar.
Envelhecer é dançar uma valsa,
de forma cada vez mais lenta.
É ter uma alma velocista
com um corpo sempre a freiar.
É caminhar para o horizonte,
pálido e melancólico, como o Sol
que sabe que em breve vai se por.
segunda-feira, outubro 24, 2016
terça-feira, maio 17, 2016
VELA DE REZA
Gabriel, meu velho!
Estou de volta aos teus abraços!
E a luz daquela vela não se apaga mais!
domingo, março 20, 2016
DAS CORRENTES COTIDIANAS
O emprego é uma prisão: você não pode simplesmente sair dele e precisa cumprir aviso prévio (ou pagar uma multa!). Ele determina quanto tempo você terá livre, porque o restante do tempo não é seu.
O dinheiro é uma prisão. Ele te diz até onde se pode ir. Só se caminha neste mundo, só se conquista objetivos neste mundo se o dinheiro abrir um pouco a porta da cela pra gente tomar um breve banho de Sol. Sem ele, a porta da solitária estará sempre lacrada.
O corpo é uma prisão, que impede que se possa sair por aí, desafiando as leis da físicas, sentir o que sente os outros corpos. Todos estamos presos e condenados às nossas próprias sensações e nossas próprias vivências, sem poder experimentar outra perspectiva.
A mente é uma prisão: cada pessoa está encerrada em seus pensamentos e sentimentos, os quais muitas vezes não se controla. A mente nos ilude e nos engana com nossas memórias e esquecimentos, com nossas sabotagens e mecanismos de defesa psíquica. Ela assim o faz e nos prende a uma série de limitações cognitivas, emocionais e estruturais do funcionamento neurológico.
A vida é uma prisão, que se entra sem querer e se é extremamente condenado, caso se tenha o desejo de sair quando se pretende. Não há opção: tem-se que ficar aqui e nada mais resta a fazer. Porque isso é saúde e qualquer desejo contrário é caso de se tratar e se aguentar firme que as coisas passem, mesmo que a vida seja só um mar de dores e mediocridade.
quarta-feira, setembro 02, 2015
CONFIAR
- Porque eu quero saber, uai...
- Mas você já sabe a resposta... Não é a primeira vez que você me pergunta...
- Queria saber se a resposta não mudou...
- Como mudaria, se só tem 5 minutos que você me perguntou?
- Ah, sei lá... Essas coisas que a gente não vê e que a gente gosta tanto... Vai criando uma coisa que faz o estômago da gente ficar apertado, e a cabeça parece que fica correndo sem conseguir sair do lugar. Faz uma bagunça dentro da gente, sabe?
- Eu sei, mas você precisa confiar. Não pode ficar sofrendo por isso. Confie na minha resposta. Eu não diria nada com a intenção de te machucar. E eu posso garantir: nada mudou!
- Mas eu queria que você me provasse só mais uma vez. Pra acalmar meu coração...
- Mas se eu fizer isso, você nunca vai aprender a confiar em mim. Vai sempre querer provas e provas...
- Mas não é você quem diz que a gente deve confiar mais na gente que nos outros?
- Sim, sou eu mas acontece que.... bom neste caso... o que eu quero dizer... Tá! Eu estaria sendo incoerente! E um pouco de ceticismo faz bem também! Ok. Você me convenceu!
- Então você vai me provar?
- Vou.
- Nossa! Mal posso esperar!
- Vem cá. Olha aqui. Tá vendo? A torta gelada que vamos comer de sobremesa ainda está inteirinha dentro da geladeira! Só tem eu e você aqui, filhinha! Como alguém poderia comê-la? Estamos aqui na cozinha o tempo todo terminando de fazer o almoço...
- Sei lá... pode ter um monstro na geladeira...
- Ai, ai...
terça-feira, setembro 01, 2015
AVISOU
quarta-feira, abril 29, 2015
COTIDIANO URBANO
quarta-feira, abril 08, 2015
DIFUSÃO SIMPLES
terça-feira, abril 07, 2015
PALAVRAS DE HORTELÃ
Ela parou de traduzir a letra daquela canção e começou a rir. Sério que aquela música tão bonita estava dizendo aquilo? Aquela musicalidade toda... e a letra era assim? Não sabia falar francês e quando se aventurava numa música francesa, encontrava esses versos?
Indagou-se por onde deveria andar o glamour. Teriam notícias dos poetas sensíveis? Ela só precisava de uma frase realmente bonita, para concluir seu livro de citações. Mas... cadê?
Cansada, decidiu ir dormir. Precisava descansar. Na cama, enquanto relaxava, uma frase lhe surgiu, como que uma inspiração. Era realmente uma frase bela. Encaixava perfeitamente com o que precisava, excetuando por um detalhe: não era uma citação, mas uma criação. Contudo, era uma frase tão bonita... Não poderia simplesmente ignorá-la...
Na manhã seguinte, acordou decidida: escreveria outro livro, apenas para incluir a tal frase. Enquanto não encontrasse a citação perfeita para concluir seu atual trabalho, iria dar início já ao seu novo projeto. O mundo precisava daquela frase, mas haveríamos de esperar a obra ser concluída. A palavra dita fora de contexto seria forte. Mas ela queria algo realmente avassalador. Não bastava um suco de abacaxi para refrescar o calor das almas: haveria de colocar nele algumas folhas de hortelã...