domingo, dezembro 04, 2011

ENVELOPE BRANCO



Ela estava andando pelo parque quando resolveu sentar-se em um banco para descansar um pouco e observar aquele espaço com calma.

Antes de sentar-se ali, observou o assento e notou que havia um envelope branco ali. O que haveria dentro dele? De quem seria? Resolveu abri-lo para decidir o que fazer com tal achado. Dentro encontrou um pequeno pedaço de papel preso por um clipe a um bilhete de loteria. No pequeno papel, era possível ler: "Este é um bilhete premiado. Receba-o como um presente, mas lembre-se de fazer um bem a mais alguém para não deixar essa ideia morrer."

Ela olhou bem para aquele bilhete e deu uma longa risada. Não podia acreditar naquilo. Porque alguém abandonaria um bilhete premiado no banco de um parque presenteando um estranho qualquer? Seria ela tão sortuda assim de encontrar algo tão bom que ela nem estava procurando?

Ela tinha certeza que aquele envelope não passava de uma brincadeira sem graça e até olhou para o lado para ver se conseguia enxergar alguém que deveria estar observando a sua reação e se divertindo as suas custas. Não viu ninguém, entretanto, conhecedora da capacidade das pessoas desse nosso mundo, rasgou aquele bilhete e jogou na lixeira ao lado.

Foi embora para casa e ao assistir o noticiário local, viu uma reportagem que dizia que o único ganhador do prêmio da loteria ainda não havia buscado o prêmio. Ficou atônita quando o repórter confirmou que o ganhador era da mesma cidade em que ela morava. Não teve coragem de contar a história para seu filho que chegou logo depois da aula.

Ele, um rapaz de 17 anos muito inteligente esforçado e sensível, logo percebeu que a mãe estava perturbada com algo. Ele perguntou o que havia acontecido, mas ela desconversou.

No outro dia, logo cedo, ela voltou ao parque procurando o tal bilhete na lixeira, mas não o encontrou. Não acreditou que havia literalmente jogado sua sorte no lixo. Chorou muito arrependida de ter desconfiado que alguém seria capaz de ter tal atitude. Afinal, aquilo parecia se tratar de uma espécie de corrente que pedia que a pessoa beneficiada apenas levasse algo de bom adiante.

Quando chegou em casa, resolveu que contaria a história ao filho. Sentou-se no sofá e viu que o tal ganhador do prêmio havia buscado o prêmio. O repórter informou que a demora em buscar o prêmio foi justificada porque o vencedor demorou a encontrar o bilhete premiado que estava guardado em seu armário.