sexta-feira, dezembro 28, 2007

ÁRIA

Ela chega cantando com uma voz aguda e sofrida. Diz que ele se foi para a guerra. E eu, escuto e me compadeço de sua dor. Entendo o que ela sente, de alguma forma. É a saudade. Quem nunca provou desse sabor agridoce?
O ato continua melancólico, quando um tenor entra cantando um tom agressivo. Minha cabeça gira um pouco e eu mal consigo entender o que se passa: de repende deixer de ser racionalidade para ser só emoção.
Música: eis uma definição complicada...

VOU

Amanhece. As estrelas vão se despedindo do céu e a Lua dá o seu lugar ao Sol. Há uma dança, ao longe que chama a atenção.
O ritmo comandando as veias e seu sangue vai, no compasso, dançando sempre em frente. A dança é o calor que te deixa viver. E eu esperando apenas a música ser um pouco menos agitada... Pra te tirar pra dançar. Uma dança invisível que eu prefiro chamar de "um dia após o outro"...

(RE)LUZ

Um tempo bom. Um tempo melhor. Uma luz que se acende, depois da noite cair. Um lugar onde o mundo não pode te encontrar. E muita certezas perdidas aparecem de novo. Isso é mágica. A mágica da vida. De ver nos olhos do espelho a calma mais uma vez.
Uma casa no campo? Um dia feliz? Uma palavra dita e tornada a preferida? Um presente inesperado? Alguma alegria surpresa?
Nada disso... Só estou bem, obrigado!

ENTRAR NO CLIMA

Eu andei pelas ruas da cidade, vi tanta coisa, passei alguns dias por aí... Sem saber... Algo estranho aconteceu: Olha só! Já passou o Natal e em breve o ano acaba... Nem percebi... Não me liguei a isso ainda... De repente, me toquei disso...
- Como você não percebeu isso? Não viu as datas?
- Estou meio desligado de calendários...
- E as pessoas na rua?
- Sei lá... Não me pareciam muito diferentes de antes...
- E os anúncios, na televisão? Não te lembraram de nada?
- Eu achei que todo esse alarde, o movimento nas lojas da cidade e tudo isso que me cercou esses dias fosse apenas uma grande liquidação...

BOBO

A vida me deixa assim... Eu me sinto meio bobo em seu colo:
Cai, não cai, cai, não cai, cai não cai, cai não cai, cai, não cai...
Acho que meu nome é João...

domingo, dezembro 02, 2007

UM REMÉDIO PARA MIM

Eu estava pensando em postar aqui um outro texto. Mas mudei de idéia.
Quero que boas vibrações envolvam a tudo e a todos que me cercam, então, só desejo ao mundo muita paz.
Plantar e colher o novo dia que já vem...

É PRIMAVERA E FLORESCE

Uma pequena surpresa...
Encontrei próximo da minha bicicleta
um fruto do sentimento mais bonito
que eu já vi existir no coração da flor de amora.
E eu ri, como um maluco, surpreendido,
num riso de coisa boa.
Um fruto que cabe na palma da mão,
mas se espandiu ao infinito.
Quando a vida quer brotar,
não há quem a segure...

UMA AVALIAÇÃO PARCIAL DA IMPARCIALIDADE

A imprensa, até onde eu imagino que deve ser, tem de procurar ser o mais imparcial possível para noticiar os fatos e explicitar bem todos os lados da questão.
Essa medida é necessária para que a notícia chegue o mais próximo possível da verdade, uma vez que todos os lados envolvidos na questão podem se manifestar.
Pelo menos, isso é uma boa na teoria, não é? Porque, na prática, a gente passa longe disso...
Um exemplo pequeno (e até ingênuo) é o alarde que a mídia está fazendo agora após o rebaixamento do Corinthians (notícia fresquinha no meu Blog? Eu até poderia ser jornalista esportivo... Não, pensando bem, melhor não... Huahuahua!).
Se a imprensa tivesse a imparcialidade que ela afirma ter, não faria tanto barulho para este fato. Ou deveria fazer o mesmo escândalo para toda vez que um time fosse rebaixado.
Todo ano, tem ao menos um time que vai para a segunda divisão do campeonato brasileiro e não se vê tanta mobilização da imprensa em alardear isso. Tudo bem, podem argumentar que é porque são times pequenos que tem torcidas pequenas, então a notícia interessaria, em teoria, a um número menor de pessoas. Mas não me lembro de tanto alarde quando foram rebaixados o Palmeiras, o Atlético Mineiro, o Grêmio... Esses são inegavelmente times grandes, com uma torcida grande, e a imprensa não fez a metade do estardalhaço que está fazendo agora. E então qual o argumento?
Aposto que dirão: "a torcida do Corinthians é maior que a desses times e, por isso, a notícia interessa a mais pessoas". Ok. Se for assim, quanto maior o time, mais notícia. E o raciocínio pode se estender: quanto maior o poder, mais notícia. E olha que a linha de pensamento pode ir além, mas não vou fazê-lo para não perder o foco dessa discursão. Como se pode afirmar que há imparcialidade, se é feita uma escolha do que será noticiado, pensando no que vai agradar um determinado grupo que recebe a notícia?
Já parou pra pensar que o Brasil, na mídia, se resume aos bairos das capitais de São Paulo e Rio de Janeiro? E mesmo assim, nem todos os bairros dessas cidades: só "aqueles que interessam"...
Muita gente é anti-corinthiana e assumo que sou um pouco, pois não posso esconder uma leve satisfação (com gosto de "bem feito!"...) nesse rebaixamento. E é o que eu vou focar daqui para frente, para não cair numa leve depressão causada pelo raciocínio dessa nossa pequena realidade...

sábado, dezembro 01, 2007

UM FILME ANTIGO

O parque no fim da tarde parecia calmo. Num rápido relance o céu beijou de leve as àrvores do pequeno bosque escondido ali. Uma gota a mais de saliva caiu ao chão e deu origem a tantos pássaros que ninguém saberia dizer.
Foi uma tarde, como outra qualquer. E choveu. Para lavar a alma, para chorar de fora pra dentro.
Havia um até logo com gosto de adeus. Algumas pessoas nos ajudam sem saber e se vão...
No final, uma paz estranha tomou conta do coração de quem passava por aquela rua.
Os senhores, por um momento, sentiram vontade de tirar o próprio chapeu e fazer reverências aos pombos. As senhoras deram rodopios, como numa dança de salão, fazendo rodar as longas saias dos seus vestidos. O engraxate assoviou uma canção alegre e até os carros pareciam sorrir.
Ela seguia o seu caminho, cantarolando a canção que aprendera a pouco. O rosto uma expressão entre a melancolia e a felicidade.
A luz vai diminuindo aos poucos num fade-out para, enfim, surgirem letras grandes no horizonte quase negro:
THE END