domingo, março 20, 2016

DAS CORRENTES COTIDIANAS

Os países são prisões: você não pode sair dele, nem entrar noutro sem um visto, algo que te autorize a mudar para lá! Nem sempre se está num país porque quer, mas porque falta opção de onde ir viver...

O emprego é uma prisão: você não pode simplesmente sair dele e precisa cumprir aviso prévio (ou pagar uma multa!). Ele determina quanto tempo você terá livre, porque o restante do tempo não é seu.

O dinheiro é uma prisão. Ele te diz até onde se pode ir. Só se caminha neste mundo, só se conquista objetivos neste mundo se o dinheiro abrir um pouco a porta da cela pra gente tomar um breve banho de Sol. Sem ele, a porta da solitária estará sempre lacrada.

O corpo é uma prisão, que impede que se possa sair por aí, desafiando as leis da físicas, sentir o que sente os outros corpos. Todos estamos presos e condenados às nossas próprias sensações e nossas próprias vivências, sem poder experimentar outra perspectiva.

A mente é uma prisão: cada pessoa está encerrada em seus pensamentos e sentimentos, os quais muitas vezes não se controla. A mente nos ilude e nos engana com nossas memórias e esquecimentos, com nossas sabotagens e mecanismos de defesa psíquica. Ela assim o faz e nos prende a uma série de limitações cognitivas, emocionais e estruturais do funcionamento neurológico.

A vida é uma prisão, que se entra sem querer e se é extremamente condenado, caso se tenha o desejo de sair quando se pretende. Não há opção: tem-se que ficar aqui e nada mais resta a fazer. Porque isso é saúde e qualquer desejo contrário é caso de se tratar e se aguentar firme que as coisas passem, mesmo que a vida seja só um mar de dores e mediocridade.