sábado, novembro 01, 2014

SUAVEMENTE

O sorriso dela era tão inocente... Era uma mulher, mas com jeito de menina. Eu a observava todos os dias indo fazer caminhadas na avenida do meu bairro. Era tão graciosa! Estava sempre alegre e jovial. Ouvia música em seu fone de ouvido e parecia estar numa paz de espírito que poucas pessoas conhecem.

Um dia, tomei coragem e me aproximei. Queria puxar assunto, ter o pequeno prazer de conversar com tal criatura angelical. Para a minha surpresa, ela não pareceu sentir qualquer incomodo com a minha aproximação. Ficou tão a vontade e foi tão receptiva que eu senti que entre nós já havia uma intimidade ímpar.

Naquele dia, eu a acompanhei até o portão de sua casa, como se fossemos dois adolescentes experimentando as possibilidades da conquista romântica. Ela girou a chave na fechadura delicadamente e pegou em minha mão com doçura. Suavemente, me puxou para dentro e fechou novamente o portão de forma que parceria haver carinho naquele movimento. Passou seus braços devagar pelo meu pescoço e me envolveu num abraço tão macio e terno, que eu fiquei imóvel, entregue àquela mulher. Então, ela aproximou sua boca da minha orelha, mordendo suavemente e arrancando-a de seu lugar. Suavemente, seus dentes arrancaram a carne do meu ombro direito e eu senti meu próprio sangue escorrer suavemente pelo meu corpo. Em êxtase, eu me sentia acolhido por suas unhas quando elas tiravam a pele das minhas costas, num afago inebriante. Suas mãos macias quebraram delicadamente os dedos da minha mão, enquanto ela mordia minhas coxas como quem morde um fruto de forma provocante e inocente ao mesmo tempo.

E foi assim que eu fiquei ali inerte, sorvendo do afeto que transbordava de cada gesto daquela mulher menina, enquanto virava a sua refeição.