domingo, janeiro 31, 2010

ABAIXANDO O VOLUME


Ouvindo músicas viajo.
Vivo novas e velhas (a)venturas.
Ver tudo novo, por outro ângulo.
Gosto de onde estou agora.
No chão, observo o alto
com olhos de paixão maior.
Escutar as músicas esquecidas
é melhor que sofrer por lembrar
daquelas que não nasceram ainda.

domingo, janeiro 24, 2010

ANOITECE NA MINHA PELE


Todo sereno bebi,
sereno pelo fim do sol.
Do ardor que era dor
pra minha pele.
Esperava a calma
do coração noturno.

sábado, janeiro 23, 2010

UM VELHO AMIGO...


- Por acaso é daqui que pediram uma caixa de lápis de cor?
- Lápis de cor?
- É... Uma caixa com 36 lápis de cor, tipo aquarela...
- Nem sabiam que entregavam isso...
- Pois é! Entregam... Basta que se precise e peça...
- Mas acho que não foi daqui não... Deixa só eu confirmar... Querida! Por acaso você encomendou uma caixa de lápis de cor?
- O que? Lápis de cor? Claro que não! O que a gente iria fazer com uma caixa de lápis de cor?
- Mas o endereço da encomenda é esse aqui...
- Meu amigo, deve ter havido algum engano...
- Bom, mas para que eu não perca a viagem, fique com ela. E sem nennhum custo...
- E o que eu faria com ela?
- Sei lá... Uma vez, eu fiz um amigo... Talvez sirva para você...
- Você fez um amigo?
- Sim, mas isso é outra história... Eu não gosto mais de desenhar...
- Como assim? Você poderia me explicar?
- Agora não! Tenho que voar agora...
- Ei! Espere!
- Querido, o que foi?
- Como ele saiu voando?
- Não sei...
- Mas pelo menos agora ele vai matar a sede do boi que o bebeu...
- É mesmo... A vida de uma gota d'água não é fácil, mas é gratificante...
- É, pensando assim...
- Mas não se preocupe: um dia, estaremos todos juntos de novo!
- Pois é... Eu sei... Até breve, então!

O QUE SER ISTO?


- Fala...
Tento...
Sem som na garganta,
repousa ali uma dor inarticulada.
Nas raias de amarguras indefiníveis,
o sol se arrasta lento pelo céu.
Gota a gota, segundo a segundo.
Até que os pesados pingos da chuva
despertam a tempestade adormecida...
Por dentro e por fora,
o céu se limpa e desaba.
A enxurrada não leva nada, somente a água.
Não se afoga e não se recupera o fôlego.
Não se ri nem se chora.
Paralisado.
Um cansaço reina aqui.
E a falta de definição faz revirar a mente
como páginas de um dicionário de uma lingua morta.
Sem saber...

terça-feira, janeiro 19, 2010

OUVIDURA


Tico tico
liro liro
um livro, um livro
voz e sons.
Leve calma.
Pouco a pouco
leio um livro
com os ouvidos
vogal a vogal.

quinta-feira, janeiro 14, 2010

DORME


À minha frente estava sentada uma mulher, naquele ônibus que, daí a minutos, estaria lotado. Ela lia uma revista completamente alheia ao que se passava ao redor. Pessoas pagavam a passagem, passavam a roleta e procuravam os lugares vagos, já escassos. Um homem com uma maleta sentou ao lado da mulher à minha frente.
Era início de noite e o transito estava tão lentos que, se não fosse a chuva, melhor seria ir a pé. No rosto de cada um dos passageiros estava estampado o cansaço de uma semana quase completa de trabalho duro. Inclusive no rosto do homem da maleta sentado ao lado da mulher com a revista.
O cansaço nele era tão grande que, bastou alguns minutos sentado para que o sono tomasse conta dele. Os olhos se fecharam por uma força irrestível e a cabeça começou a pender de lado. Até que pousou a cabeça em sono profundo no ombro da mulher com a revista.
A mulher, num primeiro instante se assustou com o toque inesperado que a fez sair de sua compenetrada leitura. Fitou por alguns instantes o homem com a cabeça pousada em seu ombro. Viu em sua face todo o seu cansaço facilmente perceptível. Abriu um sorriso de compaixão, com uma das mãos começou a afagar os cabelos dele, como se afagasse os cabelos de uma criança e voltou à leitura...

sexta-feira, janeiro 08, 2010

AAAAHHHH!!!!



Saia pra lá!
Deixe-me aqui!
Porque você não tem o direito
de me violentar com a invasão da sua verdade...
A sua e só sua verdade...
Isso não me pertecente.
Entenda de uma vez por todas.
O que é meu, ainda é desconhecido.
Para mim e para você.

JARDINEIRO


Carrego minha casa.
E vigio com espingarda.
Às vezes cochilo, vacilante.
Ninguém entra, ninguém sai.
O chão é todo meu.
A pintura de qualquer um.
Nas pilastras, ninguém pode tocar...
O meu coração está em cada canto.
Cada canto está no meu coração.
Eu sou a porta e as antenas...
Nem tudo é meu, todavia.
Empréstimo de um Grande Irmão.
Mas o canteiro é meu jardim.
E guardo nos fundos as mais belas sementes
para aprender a ser o jardineiro.

HIT!


Ver.
Mirar.
Achar o alvo pai
do futuro alcançar.
Conservar uma pureza
que nunca tive no coração...
Já tracei objetivos errados
e excêntricos demais, meu Deus!
Mas descubro numa conversa amiga
que o silencio que guardo, fala muito.
Que somos tão iguais, que vamos a opostos.
Que a renovação é lei contínua
de continuamente se renovar.
Fazer do lixo da bagagem
só uma lembrança vaga
feita de suave luz.
Sumida no ontem.
Parada, longe.
A vagar.
Vaga.
Ali.

sexta-feira, janeiro 01, 2010

O NOVÍSSIMO NOVO


Olho querendo mesmo enxergar.
Giro a cabeça e vejo o todo.
E o Sol se levanta agora,
como se fosse a primeira vez.
Quando a gente se propõe
à horizontes mais largos,
a vida pode voar mais alto.