terça-feira, dezembro 30, 2008

AGORA...

Tenho um quebra-cabeças.
Tenho um filme na cabeça.
Tenho tardes e sossego.
Tenho uma mão por perto.
Tenho um jardim.
Isso me faz feliz!

quinta-feira, novembro 27, 2008

PRATO DO DIA


Pasto para postar

LIVRO LIVRE

A veia do sol saltou da sua pele.
Pelejei para escapar veloz.
Viveria vastamente os beijo,
a boca, um bocado de feixes,
faixos e fios de luz.
Lâmina leve
teimou em tentar
um risco, um rio, um ritual.
Hoje gerou um discurso:
Deixa pra lá...

LACUNA

Tenho uma sede tão profunda
que me inunda de desejo
de não desejar tanto
saciar essa grande sede
que sou.

TEMPO GANHA PÃO

Abre a janela e me devolve
a minha costela que eu vou
cheirar esses teus receios
e dormir nos seios da eternidade.
Que o futuro deixará de ser,
o passado será infinitamente,
mas só o presente é eterno.

MEU SIM

Que eu te conte que na minha fronte
mora teu nome, vá lá!
Renovo as juras.
Tua mão me mostra o remo e o leme.
E teu corpo, o teu mar
que eu quero engolir a goles fartos.
Hoje de manhã. Hoje à tarde. Hoje à noite.

PAU TORTO

É de madeira a porta que me protege
também o banco, também o barco.
De madeira, o piso que piso,
o cálice, a cama, o piano.
De madeira é de lei
a cara de pau, a cabeça, até o coração.
O carpinteiro e o cupim:
briga de reis.
O avesso da eternidade.

segunda-feira, setembro 22, 2008

CORAÇÃO SAZONAL

Logo hoje,
logo agora
que estamos quase no início da primavera
me sinto muito mais próximo
de chegar ao fim do inverno...

domingo, setembro 14, 2008

AMORALINDA

Um cheiro doce
enche meus pulmões agora...
É flor ou é boneca?
Ah, é um belo nome!

domingo, setembro 07, 2008

CONFESSO: ROUBEI!

A imagem roubada revela um pedido ao mundo,
uma saudade incontida de um amigo,
e uma fraqueza mal disfarçada...

MEA CULPA

Eu fui um bêbado...
Minha flor sangrou...
Sem querer...
E me doeu o amor!

DE VIDRO

Um copo caiu de cima da mesa...
E se quebrou...

terça-feira, setembro 02, 2008

TEMPO!


Aguarde um momento por favor...
Estou cuidando de mim...

OUVINDO EM BAIXO DA ÁRVORE...


Quando um homem tem uma mangueira no quintal,
ele quer sombra e água fresca.

CANTADO DE RODA


Essa terra inda há de falá,
essa terra inda há de falá,
do doce e salgado dos teu risos, ô menina,
essa terra inda há de falá!

E esse teu tempero baiano
e esse teu tempero baiano
em comida mineira me ganhô, ô menina!
E canto essa roda, oiá, oiá!

Quem foi que botô tanto amô?
Quem foi que botô tanto amô
nesse meu coração capengado? Ô menina,
quem foi que botô tanto amô?

Um dia inda vô lá pro norte,
um dia inda vô lá pro norte,
pra viver com você na casinha, ô menina,
um dia inda vô lá pro norte...

segunda-feira, agosto 25, 2008

MÚSICA TÂNTRICA

A voz da música destoa,
E a cabeça muito amontoa.
E por mais que negue, o rito segue:
aquele canto entoa.

Enquanto o sentimento voa,
o pequeno coração povoa
de emersões e naufrágios o plágio
daquele verso da canoa.

"A proa quando apruma voa!"

EXPECTATIVAS


Faltam as horas...
Eu espero.
Quase acabando...
Eu espero.
Dias melhores virão...
Eu espero.
Aguarde só mais um minuto...
Eu espero.
Eu te mando a resposta...
Eu espero.
Tudo vai ficar bem...
Eu espero!

BAILAR

Quem é que dança a dança
sem ao menos um pouco vacilar?
Oscilando os pés seguem no salão.
Um pra cá..........................................
.........................................Dois pra lá.
Valsa, seresta, Lua e violão.

POR POUCO

Me falta um detalhe.
Pequeno, quase insignificante.
Mas quando minha mente
lateja por essa falta,
Ah!
Não há eu mesmo que aguente!

terça-feira, agosto 12, 2008

CONFISSÃO NÚMERO 8

Eu sou um menino bom,
que gosta de ser
um menino mal, às vezes...
Só pra deixar claro
que não é sempre
que quero a paz.

APIS MELLIFERA

Ah, vê se eu aguento?
Não me olhe assim,
com olhos manhosos,
que eu derreto os kilômetros
os ponteiros do relógio,
os compromissos
e vou até esse seu mel,
abelha que sou.

CAVALETE

À tarde, você caminhava pelas minhas sombras
que eu deixei quando passei por aí à noite.
E eu quis colorir um pouco mais as horas.
Deixa eu pintar o céu com as cores que eu roubei dos canteiros?

segunda-feira, agosto 11, 2008

PRESSÁGIO


Acordou estranho.

A primeira coisa que lhe veio à cabeça foi uma frase que sua mulher lhe diria passados 5 minutos.

Adivinhou que a xícara iria cair da mesa e conseguiu agarrá-la no ar.

Pensou: "Coincidências...". E seguiu vivendo o dia.

No escritório, trabalhava distraído, quando tirou o telefone do gancho para atendê-lo mesmo antes dele tocar.

Seu chefe do outro lado disse:

- Uau! voocê atendeu rápido...

E ele respondeu

- Já sabia que iria tocar...

Então pensou no que acabara de dizer:

"Já sabia que iria tocar..."

A frase ecoou pela cabeça e não pode mais ignorar o que estava acontecendo.

Pensou no dia que vivera até ali. Quando ele percebeu que sabia por antecedência quem era que estava ligando em todas as chamadas anteriores, mesmo antes de atender o telefone, ficou pálido!

Estava suando de susto, sem saber o que estava acontecendo. Sabia das coisas com antecedência e isso era horrível! Uma angústia que ele não podia evitar. Resolveu sair da sala para respirar um pouco.

Ele sabia que iria atravessar a porta e dar de cara com seu maior rival no escritório.

Quando isso aconteceu, saiu correndo, aflito não sabia para onde. Foi quando bateu com a cara na porta. Não havia percebido ainda, mas estava cego! E só podia ver o futuro.

Começou a gritar e não conseguia parar, aterrorizado.

Acharam que ele estava louco e o internaram num hospício.

E agora, o dia amanhece, mas ele não vê.

segunda-feira, agosto 04, 2008

TABUNIDIMAISSÔ

Se você disser, vai ser.
Se gritar, eu vou.
Se não chover, vamos fazer um carnaval.

Que a banda quer tocar,
que a Lua já desponta no céu,
que o rio quer beijar o mar
depressa, depressa.

Mas faz um favor:
leva o violino?

Que ninguém vai chorar.

Amén.

sábado, agosto 02, 2008

CANTEIROS


Eu cuidei com carinho da terra deste meu canteiro.
E plantei trevos de quatro folhas.
Só para o orvalho descansar
nas pétalas verdes do final do dia.
Um pequeno suspiro.
Grãos de terra, úmidos.

sábado, julho 05, 2008

INTERCESSÃO DOS DIFERENTES


Existe algo comum que nos une...


______________________F

B_________________E

U__________L

S_____I

C

I___A

D_______R

A____________

D________________

E____________________

SUGESTÃO AOS FABRICANTES

Incluir o seguinte parênteses nas embalagens:

ABRA AQUI ( SE FOR CAPAZ...)

terça-feira, junho 24, 2008

BENVINDO

Num breve adeus, eu me lanço a novos rumos, nos velhos tempos.
Eu tão meu!
Num longo olá, eu me lanço a velhos rumos, nos novos tempos.

DESGRAVITAR

Leve, como antes.
fffffffffF
llllllL
U
tttttT
uuU
A
rrrrrrR
!

MALDIÇÃO

Você olha pela janela e não vê.
Escuta o barulho lá na sala, corre para lá e não há nada.
Você procura pela rua e não encontra.
Por mais que tente entender, não consegue.
Tenta encontrar escondido num armário, mas é em vão.
Você sente que falta algo, mas o quê?
Folheia um livro atrás das respostas, mas não há nem perguntas!
Usa binóculos, sensores de movimento, visão de raio x, sondas, cães farejadores, radares, sexto sentido, microscópio, perícia criminal, óculos para infravermelho, intuição feminina; nada adianta...
Em tudo tem um vazio, mas não dá pra saber exatamente...
Por fim, engasga na pergunta: Cadê?

sexta-feira, junho 06, 2008

RESGATE DO MEU DESCASO


Não te dei a devida atenção, eu sei.
Não consegui cuidar nem de mim
e você teve que pagar o preço também.
Quando um pouco de Sol voltou,
eu fui aí te ver.
Expectativa a cada passo.
Ela ainda estava ali, me esperando...
Reencarnação de metal.
Eu me lembrei que amo tudo em você:
os raios, a borracha, o metal, os refletores do pedal...
Vamos para casa agora, amiga!
Um dia novo nos espera...
Pra ficar melhor...

MEU MESTRE ME ENSINOU

Me ensina a aprender?
Eu quero a vida, baldes e mais baldes.
Equilíbrio e supetão.
O que é isso?
Eu bebendo risos, livros, cansaço e giz.

PERDIDO

Meu coração corta de dor.
E não posso chorar agora.
Queria ajudar, estar ao lado,
mas preciso de mais força.
Meu amigo chora.
Seu coração corta de dor.
E eu me lembrei
do casamento.
Minha mão invisível está aqui.
Rezo para a paz nos encontrar a salvos então.

MUTATIS MUTANDIS

Voltar a linha reta?
Não mais.
Da curva, a vida segue mais bonita.
Vou aprendendo a ser novo.
Recuperar o velho para quê?
Destruo um patrimônio da (des)humanidade.

domingo, maio 25, 2008

POROS

Explodo em silêncio pela noite longa e vulgar.
Como um cão vadio, giro pela cidade sem sair do meu colchão.
Nada me é incomum por aqui, já estive muitas vezes nesses lugares.
Só um fato me acalma: olhar para o lado...
Sinto atento o toque da pele,
os poros agora transbordam
um quente desejo calado.
Descubro que as mãos sozinhas podem me fazer girar.
Transpiro o que minh'alma abunda.
Deixo a exaustão tomar-me em meus braços,
quando o dia já avisa que está para chegar.
Os poros agora apenas clamam no silêncio o que já tem.

terça-feira, maio 20, 2008

BOA CÃOPANHIA

Lambidas na minha mão e um abraço.
Ah! Coração aberto!
Sorte de novos rumos seguidos em uma brisa que eu mesmo fiz para mim.
Construir meus acasos pela presença de eu mais feliz.
Na dança que eu observo mas não participo, eu fico feliz e canto.
Um novo amor que eu escolhi para mim:
eu agora sou um cachorro mais feliz!

SOLDADO SENTIDO

Ele andava cabisbaixo pela rua chutando o vento e pensando se seria melhor se nunca tivesse escolhido entrar para o exército. Talvez sua vida fosse outra agora. Estaria em outro lugar, teria conhecido outras pesoas, talvez e, esse sim era um importante talvez, não teria deixado seu coração se endurecer tanto... Quem sabe?
Tentou se imaginar concluindo aquele curso de desenho que ele deixou para trás por causa da carreira militar. Seu sonho era ser tatuador. Estaria agora num estúdio qualquer no meio mais underground que sua imaginação conseguiu formular. E seria um dos melhores tatuadores da cidade.
Mas, a grande pergunta que ele tinha medo de fazer a si mesmo e que, mesmo com tanto medo não deixava de gritar dentro de si, era uma questão maior que o exercício vão de imaginar sobre o que não aconteceu: se tudo tivese seguido outro rumo, hoje ele seria alguém feliz?
Quando essa pergunta aparecia em sua mente, logo tratava de sufocá-la, soterrando-a em meio aos pensamentos mais diversos. Agora, porém, não conseguia mais calar essa voz tão urgente dentro de si.
Foi quando chutou uma latinha de cerveja no meio da rua que não estava completamente vazia. O líquido que nela havia (era mesmo cerveja?) molhou uma das pernas de sua farda.
Disse então em voz alta um palavrão que serviu ao mesmo tempo de um grande desabafo por toda a frustação que podia sentir. Parecia que, a um só tempo, lavava a alma por completo de todas as dores que ficaram secretas em seu coração. Olhou para os lados para ver se alguém vira esa cena. Aliviado pela ausência de qualquer alma viva por ali, parou por alguns instantes e começou a assoviar uma canção que há muito não lembrava, enquanto seguia o seu caminho.

IMAGEM ENQUADRADA


Olhando pelo vidro enquanto você dorme em meu ombro, penso que o mundo é um filme mudo em que somente eu posso falar...

sábado, maio 03, 2008

PEQUENO ANÚNCIO

Vende-se uma caixinha de mágoas, muito resistente, ornada com afinco por mim e pelo tempo, mas que eu já não preciso mais...

CÉU CLARO

Nada de criar tempestades, meu amor. Meu lema hoje é desanuviar!

ÁVIDO

Mais de uma vez caminhei no deserto e fiquei assim, ávido. Sedento de uma sede que me faça sentir a vida pulsando ainda em mim.
Mas não uma sede qualquer: uma que me vem em forma de melodia numa noite coalhada de estrelas, risos e cores azul-carmim.

PORTA DE ENTRADA

O senhor gordo na porta do salão estava sorrindo sozinho. Eu o conhecia de outros tempos. Ele
até me confessou, certa vez, que gostava de ficar sozinho. Falou-me, cheio de dedos mas tentando disfarçar o seu receio, que ficar só lhe fazia muito bem, às vezes...
Contou-me que havia dias em que ele mesmo chegou a inventar compromissos para sair de casa e foi-se sentar só por horas no banco de uma pracinha em um bairro afastado. Disse-me, também, que ultimamente intencionava escapar do mundo que o cercava, por uns tempos, tomando um ônibus sem destino certo ou algo do tipo. Pude perceber que ele só revelou-me tudo isso após certificar-se de que eu não demonstrava nenhum ar de reprovação ao ouvi-lo afirmando o gosto por momentos de isolamento.
Aquelas risadas solitárias na porta do salão fizeram-me sentir feliz pelo senhor que, sozinho, descobriu como ser feliz consigo mesmo.

terça-feira, abril 29, 2008

ABRINDO ESPAÇO


Espaço reservado para protestos contra o mundo

TATEANDO O ESPELHO

Exercício de abrir os olhos. E agora? O que vejo?
Eu tão incoerente. Adoeço-me tentando me curar. Como uma febre que mata tentando matar o mal que me mataria...
Eu tão antagônico como a Física. Como uma luva que recebe a força do próprio soco em si mesma...
Eu tão estranho, que nem me reconheci.

terça-feira, abril 22, 2008

PROGRESSÃO





O dia amanhece
, o Sol sobe e cresce mais e mais.
Prossigo valente mirando o poente calmo do cais.

MINHA IDADE

Mergulho na fonte. Pasmo de tonturas, escuto o Sol dizer algo além do que podem as palavras dizer. Eu quase adulto.
Observo o monte. De baixo, atento. Confuso de certezas, enxergo aquele cheiro de bolo de trigo que há muito não vejo o forno fazer. Eu quase um velhinho.
Tombo na grama. Insano de autocontrole, ouço o vermelho repetidamente de lábios úmidos, enquanto passeio de leve em teu jardim. Eu quase menino.
Sem fim.

terça-feira, abril 15, 2008

PÉ DE CACHIMBO


Um jardim só de margaridas.
Ou de Hortências.
Meu parque e minha praça
tem hoje um nome só:
Liberdade!

FRAÇÃO DE LUZ

A alegria,
agressiva e cheia de lascividade,
estupra e pousa sobre o chão onde piso,
quando entra um raio de luz por entre as frestas
ou enquanto tem o soriso de uma flor.

HIPERLINK

Elétrico, programo-me para outra data, em tempo real, antes do tempo.
Eu me rasgo, carrasco do meu prazer de converter em códigos eletrônicos uma maneira de me conectar e arremessar ao teu encontro o coração: "Boa noite!"

O BANHO DA RELVA

Quando os sinos dobram
pelo astro que morre
teu cálice guarda cada gota
do choro das estrelas.
Neste berço suave,
dormem os sonhos da fonte,
enquanto a aurora não vem.