sábado, setembro 21, 2013

FOTO SEM NEGATIVO

Eu sou seu fim-de-semana.
Seu oásis, seu respiro.

No nosso cativeiro,
um quarto conhecido,
é que a gente expande o mundo.

E eu faço teu sorriso,
outrora proibido,
hoje mimo límpido
de quem encontrou um bem.

O carinho dedicado,
que o tempo trás consigo,
me faz homem e menino,
nesses braços que repouso.

sábado, setembro 14, 2013

NÓ DE GRAVATA

Ele era um rapaz novo, mas com apenas 18 anos já tinha uma filha prestes a nascer. Precisava trabalhar para sustentar a sua nova família, mas não estava fácil ser contratado. Depois de muito procurar no jornal, conseguiu finalmente um emprego em que aceitavam o seu Ensino Médio a ser concluído daqui a 5 meses. Ele seria vendedor numa loja de ternos do shopping novo de sua cidade.

No começo tudo era curioso para ele, que estava até satisfeito com as novidades. Colegas de trabalho, dinâmica de trabalho, horários e até o uniforme. Todos os funcionários da loja, obviamente, trabalhavam de terno e usavam também uma gravata azul.

Ele, que nunca antes havia vestido um terno na vida, agora já sabia dar nó de gravata até no escuro do quarto em que dormia com a mãe de sua futura filha, para não acorda-la quando saía cedo para trabalhar. Havia ganho também uma significativa melhora em convencer as pessoas com seus argumentos, provavelmente por conta do treino diário em sua função de vendas. Também passou a errar menos quando presenteava alguém com alguma roupa, pois conseguia julgar com grande precisão o estilo e o tamanho exato que iria servir ao presenteado. Estava feliz com sua atual situação.

Contudo, o tempo passou e algumas coisas mudaram. A cada fim de expediente ele se sentia mais cansado e parecia que sua gravata azul apertava um pouco mais em seu pescoço. Aliás, a cada dia sentia que sua gravata ficava um pouco mais apertada. É claro que tudo aquilo deveria ser só uma impressão porque o ritmo de trabalho continuava o mesmo e, todos os dias pela manhã, o nó da gravata era refeito e ajustado confortavelmente ao pescoço dele para que ficasse confortável e bonita ao mesmo tempo.

Contudo, numa noite ao chegar em casa, não conseguiu retirar a gravata. O nó estava extremamente apertado. Quando mais força ele fazia para tirar a gravata, mais o nó apertava em seu pescoço. Começou a ficar sem ar e correu em direção à gaveta, procurando por algo para cortar a gravata. Procurou desesperadamente pela tesoura, mas ela não estava lá. Pensou em gritar por ajuda, mas não conseguia. De repente, sentiu sua visão escurecer. Caiu no chão, sem forçar e desfaleceu. Aquele nó o havia vencido.