sexta-feira, dezembro 28, 2007

ÁRIA

Ela chega cantando com uma voz aguda e sofrida. Diz que ele se foi para a guerra. E eu, escuto e me compadeço de sua dor. Entendo o que ela sente, de alguma forma. É a saudade. Quem nunca provou desse sabor agridoce?
O ato continua melancólico, quando um tenor entra cantando um tom agressivo. Minha cabeça gira um pouco e eu mal consigo entender o que se passa: de repende deixer de ser racionalidade para ser só emoção.
Música: eis uma definição complicada...

VOU

Amanhece. As estrelas vão se despedindo do céu e a Lua dá o seu lugar ao Sol. Há uma dança, ao longe que chama a atenção.
O ritmo comandando as veias e seu sangue vai, no compasso, dançando sempre em frente. A dança é o calor que te deixa viver. E eu esperando apenas a música ser um pouco menos agitada... Pra te tirar pra dançar. Uma dança invisível que eu prefiro chamar de "um dia após o outro"...

(RE)LUZ

Um tempo bom. Um tempo melhor. Uma luz que se acende, depois da noite cair. Um lugar onde o mundo não pode te encontrar. E muita certezas perdidas aparecem de novo. Isso é mágica. A mágica da vida. De ver nos olhos do espelho a calma mais uma vez.
Uma casa no campo? Um dia feliz? Uma palavra dita e tornada a preferida? Um presente inesperado? Alguma alegria surpresa?
Nada disso... Só estou bem, obrigado!

ENTRAR NO CLIMA

Eu andei pelas ruas da cidade, vi tanta coisa, passei alguns dias por aí... Sem saber... Algo estranho aconteceu: Olha só! Já passou o Natal e em breve o ano acaba... Nem percebi... Não me liguei a isso ainda... De repente, me toquei disso...
- Como você não percebeu isso? Não viu as datas?
- Estou meio desligado de calendários...
- E as pessoas na rua?
- Sei lá... Não me pareciam muito diferentes de antes...
- E os anúncios, na televisão? Não te lembraram de nada?
- Eu achei que todo esse alarde, o movimento nas lojas da cidade e tudo isso que me cercou esses dias fosse apenas uma grande liquidação...

BOBO

A vida me deixa assim... Eu me sinto meio bobo em seu colo:
Cai, não cai, cai, não cai, cai não cai, cai não cai, cai, não cai...
Acho que meu nome é João...

domingo, dezembro 02, 2007

UM REMÉDIO PARA MIM

Eu estava pensando em postar aqui um outro texto. Mas mudei de idéia.
Quero que boas vibrações envolvam a tudo e a todos que me cercam, então, só desejo ao mundo muita paz.
Plantar e colher o novo dia que já vem...

É PRIMAVERA E FLORESCE

Uma pequena surpresa...
Encontrei próximo da minha bicicleta
um fruto do sentimento mais bonito
que eu já vi existir no coração da flor de amora.
E eu ri, como um maluco, surpreendido,
num riso de coisa boa.
Um fruto que cabe na palma da mão,
mas se espandiu ao infinito.
Quando a vida quer brotar,
não há quem a segure...

UMA AVALIAÇÃO PARCIAL DA IMPARCIALIDADE

A imprensa, até onde eu imagino que deve ser, tem de procurar ser o mais imparcial possível para noticiar os fatos e explicitar bem todos os lados da questão.
Essa medida é necessária para que a notícia chegue o mais próximo possível da verdade, uma vez que todos os lados envolvidos na questão podem se manifestar.
Pelo menos, isso é uma boa na teoria, não é? Porque, na prática, a gente passa longe disso...
Um exemplo pequeno (e até ingênuo) é o alarde que a mídia está fazendo agora após o rebaixamento do Corinthians (notícia fresquinha no meu Blog? Eu até poderia ser jornalista esportivo... Não, pensando bem, melhor não... Huahuahua!).
Se a imprensa tivesse a imparcialidade que ela afirma ter, não faria tanto barulho para este fato. Ou deveria fazer o mesmo escândalo para toda vez que um time fosse rebaixado.
Todo ano, tem ao menos um time que vai para a segunda divisão do campeonato brasileiro e não se vê tanta mobilização da imprensa em alardear isso. Tudo bem, podem argumentar que é porque são times pequenos que tem torcidas pequenas, então a notícia interessaria, em teoria, a um número menor de pessoas. Mas não me lembro de tanto alarde quando foram rebaixados o Palmeiras, o Atlético Mineiro, o Grêmio... Esses são inegavelmente times grandes, com uma torcida grande, e a imprensa não fez a metade do estardalhaço que está fazendo agora. E então qual o argumento?
Aposto que dirão: "a torcida do Corinthians é maior que a desses times e, por isso, a notícia interessa a mais pessoas". Ok. Se for assim, quanto maior o time, mais notícia. E o raciocínio pode se estender: quanto maior o poder, mais notícia. E olha que a linha de pensamento pode ir além, mas não vou fazê-lo para não perder o foco dessa discursão. Como se pode afirmar que há imparcialidade, se é feita uma escolha do que será noticiado, pensando no que vai agradar um determinado grupo que recebe a notícia?
Já parou pra pensar que o Brasil, na mídia, se resume aos bairos das capitais de São Paulo e Rio de Janeiro? E mesmo assim, nem todos os bairros dessas cidades: só "aqueles que interessam"...
Muita gente é anti-corinthiana e assumo que sou um pouco, pois não posso esconder uma leve satisfação (com gosto de "bem feito!"...) nesse rebaixamento. E é o que eu vou focar daqui para frente, para não cair numa leve depressão causada pelo raciocínio dessa nossa pequena realidade...

sábado, dezembro 01, 2007

UM FILME ANTIGO

O parque no fim da tarde parecia calmo. Num rápido relance o céu beijou de leve as àrvores do pequeno bosque escondido ali. Uma gota a mais de saliva caiu ao chão e deu origem a tantos pássaros que ninguém saberia dizer.
Foi uma tarde, como outra qualquer. E choveu. Para lavar a alma, para chorar de fora pra dentro.
Havia um até logo com gosto de adeus. Algumas pessoas nos ajudam sem saber e se vão...
No final, uma paz estranha tomou conta do coração de quem passava por aquela rua.
Os senhores, por um momento, sentiram vontade de tirar o próprio chapeu e fazer reverências aos pombos. As senhoras deram rodopios, como numa dança de salão, fazendo rodar as longas saias dos seus vestidos. O engraxate assoviou uma canção alegre e até os carros pareciam sorrir.
Ela seguia o seu caminho, cantarolando a canção que aprendera a pouco. O rosto uma expressão entre a melancolia e a felicidade.
A luz vai diminuindo aos poucos num fade-out para, enfim, surgirem letras grandes no horizonte quase negro:
THE END

quinta-feira, novembro 29, 2007

RENOVAR

Nada de negar só para não reafirmar.
Reaprender a ter diversão com o brinquedo favorito.
Recuperar as migalhas de pão que caíram pelo caminho.
Reencontrar um bom amigo: quanto tempo!
Sorrir, bem largo e largado, sonoro e sem porque.
Deixar a luz se revelar e mostrar que as peças magicamente passaram a se encaixar.
Se preocupar com alguém, mas saber-se humano e não super-herói.
Deixar os pés relembrarem com calma os movimentos da dança daquela antiga canção.
Saborear como se o gosto nunca mais fosse acabar.
Tudo passa. E tudo se renova.
O velho, enfim, encontra o menino.

TUDO

Você conhece o tipo de azul que descreve o olhar perdido de uma fada que procura o caminho de volta pra casa?
Você sabe qual é o azul que mora dentro da gargalhada sonora de uma criança de seis meses de idade?
Você imagina o tom de azul que rege o maestro da Primavera?
Você sabia que o verde é pai do azul e mãe do branco da Lua?
Pois é que hoje, meus senhores, eu vi uma flor azul na calçada. E a gravidade parece que parou. Talvez esteja cansada...

sábado, novembro 17, 2007

UM POUCO DE UTOPIA

O mundo, como uma onda. Reflexo do meu pulso de desejo. Que bom seria!

OS RAIOS

Luz tem que ser na medida: se for pouca, os olhos não se saciarão. Se for demais, ofusca e machuca a visão.
Eu fiquei sentado, sob a laranjeira, buscando enxergar qualquer delícia ou delírio nas nuvens que passavam. Mas os raios de Sol, passando pelos galhos, às vezes me impediam. Mesmo assim, não deixava de ver a beleza das luzes que escorriam por entre as folhas.
Os ventos me lembravam o que significava a suavidade e eu deixava o calor leve esquentar minha face.
Pode até não parecer, eu sei. Apesar da serenidade, sou bicho do mato. Sou o vento e a luz. Sou o antes, durante e o depois. E ninguém vai me dizer qual direção meu nariz deve apontar e qual melhor instante.
Da minha bússola, eu sou o norte!

domingo, novembro 11, 2007

FAROL


Um vaga-lume no meio das luzes da cidade...

BARQUEIRO


Sorte de ouvir o mínimo resoar da respiração dos meus pensamentos bons que dizem que a casa do barqueiro é logo ali...

PELA REDE

Eu fechava um pouco meus olhos, para os raios de sol não me atingirem tão de cheio assim. Olhando pela janela do ônibus, eu vi a paisagem mudar lentamente e deixar de ser essas serras que tão bem caracterizam este estado onde nasci e chamam de Minas Gerais, sem saber saborear esta palavra ou mesmo lhe dar o real valor. As serras se transformavam em rochas afloradas sobre planícíes não tão verdes assim. Há muito tempo não chovia...
Apesar disso, pela janela eu enxergava coisas tão bonitas quanto a muito tempo meus olhos não podiam ver. Até mesmo um menino, com um carrinho de madeira na mão, olhando enigmático o ônibus onde eu estava. Do lado, um cachorro preto e branco, mais preto que branco, magrelo. Quase só osso. Dava pra ver também, as mercearias que vendem de tudo e sempre tem um freguês bebendo pinga o dia inteiro nama mesa do lado de fora. Ou a igreja, pequena e singela, com um sino modesto, tocando enquanto o Sol já se prepara para se esconder.
Tudo isso sobre um asfalto esburacado, mostrando que o tempo, diferentemente dos homens, não esqueceu de cuidar da estrada que seguia, virava e sumia quando os olhos perdiam-na de vista.
Distraida, eu olhava até a sujeira da poeira que ficou presa do lado de fora da janela do ônibus. Prestava atenção na falha de impressão no horário da passagem, causada por falta de tinta na impressora da companhia de viagem. Isso quase me custo a perda da viagem, se eu não fosse tão prevenida e chegasse uma hora mais cedo do que pensava que deveria...
Desta forma, eu seguia me distraindo, para não ficar ansiosa demais. Isso, com certeza, era tudo que eu não podia aparentar. E, para afastar isso de vez, fiz questão de nem olhar a última carta que recebi dele.
Achei legal da parte dele, responder a minha carta e perfumá-la, assim como fiz com a minha. Primeiro pensei que era uma coisa meio feminina e não combinava com o jeito dele. Mas eu nunca fui a mulher mais delicada do mundo, não é? Acho que essas coisas já estão meio ultrapassadas nos dias de hoje... Ele era até mais romântico do que eu. Foi ele quem disse primeiro que achava carta melhor que e-mail. Se isso não era romântico, era antiquado, o que também é quase sinônimo atualmente...
Os segundos pareciam uma eternidade. Eu já havia esperado tanto tempo para este encontro e, agora que o momento estava tão perto, era muito mais difícil ter de esperar.
Sei lá. Deveria estar ansiosa mesmo. Ou seria a curiosidade natural?
A princípio, o que fiz foi rir de mim mesma. Eu nunca imaginaria que um dia eu fosse encontrar alguém que eu conheci pela internet...
Mas foi o que aconteceu. Quando o ônibus chegou no meu destino, estava ele lá me esperando, com cara de ansioso. E eu desembarquei como se estivesse super tranquila... Pura pose!
Depois do encontro, as impressões iniciais que aconteceram muito depois do verdadeiro início. A gente passou um dia inteiro juntos. Ele era realmente tudo o que aparentava ser pela internet: inteligente, engraçado, sensível... Foi um dia realmente bom.
Mas... Mas... Sei lá! Pela internet o sentimento era outro... Ele parecia bem melhor... Apesar de perceber que ele era mesmo o que descreveu pra mim, eu ainda preferia aquele ser sem rosto da internet...
Acho que porque assim ele era o oàsis dos meus desejos e não alguém que eu teria que conviver na vida real. Ele não tinha defeitos marcantes, difíceis de serem suportados. pelo contrário. Confesso que até achava graça no jeito desajeitado dele, na sua cara de irritado por algo não sair como o planejado. Até no jeito de reclamar pela demora no atendimento no restaurante, na hora do almoço. Apesar disso, eu teria que dizer a ele isso de preferi-lo pela internete em algum momento...
Eu nem sabia que esse moneto chegaria tão rápido. Quando estávamos na rodoviária esperando o ônibus para eu voltar, ele me perguntou assim, meio sem graça e agoniado, após uns instantes de silêncio:
- E então? O que você achou de mim pessoalmente?
- Legal... Quero dizer, muito legal. Não é legal de "só legal"... Legal mesmo! Te curti de verdade!
- Você está sendo sincera?
- Por que pergunta?
- É sério... Pode ser sincera... Eu não quero te magoar, mas senti que tínhamos um lance melhor pela internet, entende? Acho que é essa coisa de idealizar...
- Verdade?!
- É... Mas não quero dizer que não foi legal. Acho que coloquei muita expectativa. Não que você tenha me decepcionado também, mas pensei que iria ser do mesmo jeito e foi diferente. Nem pior nem melhor: diferente...
Era exatamente o mesmo que eu pensava! Naquele momento eu sabia que éramos almas gêmeas! Falei pra ele que comigo tinha acontecido a mesma coisa. E rimos juntos...
Peguei o ônibus e voltei pra casa. A gente resolveu namorar sério... Pela internet!
Uns onze meses depois, a gente brigou, pelo messenger. E eu joguei na cara dele que ele tinha se decepcionado comigo pessoalmente, mas não teve coragem de dizer...
Isso foi há quatro meses. Hoje, eu resolvi deletar meu Orkut e voltar naquela cidade, pra ver se o encontro de novo e pedir desculpas... Quem sabe não vai na real?

PEQUENA CONTRADIÇÃO COTIDIANA E CORRIQUEIRA

De vez em quando, acontecem algumas coisas que fazem a gente rir e pensar. E tudo aconteceu num passeio pelas ruas próximas de minha casa.
Antes de sair de casa, eu vi aquela propaganda contra a pirataria, em que o cara da banca de DVD pirata pergunta se pode dar o troco para o freguês em bala e, em seguida, aparecem balas de revolver aos montes. Ao dizer que a pirataria financia a violência da sociedade, eu já achei que a propaganda foi levemente exagerada e camuflava segundas intenções e interesses...
Eu não levanto bandeira nem a favor, nem contra. Aliás, minha intenção nem é discutir a pirataria em si neste espaço. Eu só gostaria de relatar um acontecimento, antes de mais nada, engraçado que presenciei.
Estava no meio de minhas andanças pela rua e vi a cena que gerou a foto deste post e que tive que registrar... A vida real é um pouco mais irônica que a gente pensa...
Os mesmos que combatem a pirataria diretamente, lá no cara-a-cara eram freguêses de uma banca de 3 DVDs por R$10,00.
E eu tentando lembrar daquela frase sobre ser o primeiro a atirar a pedra...

terça-feira, novembro 06, 2007

TAKE 7

Uma sede. Areia na boca. Ou gosto de sal. Pega a garrafa: suco de limão! Põe na boca e cospe: Muito açucar... Sai de casa.
Dança no meio da rua uma música que nunca nem ouviu... Segue em frente após tropeçar no meio fio. Chega na praça. Planta aquela semente que estava guardada no bolso... Ouve uma voz, de surpresa. Dá um abraço num amigo e faz pose para a próxima cena.

MEU ANDOR

O eco durou o dia inteiro, enquanto eu errava a esmo.
Qualquer brisa não serve pra mover os barcos.
A gente subia pelas paredes para alcançar o céu.
O som, de vez em quando, me jogava de volta ao chão.
Espero um doce gosto salgado outra vez...

sábado, novembro 03, 2007

À CIMA

As luzes...
O corpo ritimado...
Perfume de cerveja e cigarro...
É isso que eu me lembro...
Há tanto tempo...
Você pode tocar meu sino...

DUAS DORES SE CURANDO

Perto, só mais um passo além...
Eu te vi chegar e cuidar de mim ainda mais.
Um anjo veio andar lado a lado e reconhecer
que, às vezes, a dor também vem lhe visitar.
Se tiver que chorar, não segure.
E pode olhar nos meus olhos, sem medo.
Que o riso ainda virá.
Isso eu sei... Como eu sei? Eu só sei...

MÚSICA, CÉU, GELO

Eu olho para a mesa ao lado. Um casal. A música começa e entra poros a dentro. Os olhos deles se fitam sem fim. O casal quase se beija. Mas parece que algo ainda não foi dito. Ela ri alto, após umas palavras que ele falou sem que os outros ao redor pudessem saber o que é... Ela o distrai e pega um cubo de gelo do copo dele... Mas o soriso após a travessura a condena e ele pergunta o que aconteceu. Nova risada sonora, agora de ambos. O frio do gelo na boca se desfaz rapidamente pelo beijo quente que se seguiu. A música termina e os aplausos quase não vêm. Dava pra ver, pela janela, que foram contratadas estrelas a mais para iluminar o céu daquela noite que ainda não acabou.

DOCE SURPRESA

Anteontem eu pude recuperar um raro prazer: comer gabiroba!
A doce frutinha do campo, de que eu sempre gostei. Tem gosto de infância, de mato perfumado pelo orvalho e pelo sol da manhã. Gosto de pai caminhando comigo e fazendo um passeio, sem rumo certo... Sabor de acordar cedinho num domingo e ir no lote vago ao lado para dar bom dia ao mundo. No paladar, o gesto da vizinha em não cortar a planta silvestre porque havia um rapazinho de 5 anos que gostava muito daquele fruto...
Sabor de uma palavra que pode ser doce, às vezes: saudade... Com o progresso a gabiroba praticamente se foi. É difícil encontra-la...
Mas não é que pude reencontrar tudo isso? Tudo dentro de um único frutrinho maduro, saboreado bem devagar... Nunca o sabor de água com açucar me pareceu tão bom!

sexta-feira, novembro 02, 2007

TATUADO NO CONCRETO

Um trem segue sobre os trilhos e eu digo uma palvra que há muito eu não lembrava que sabia... No concreto, um risco contínuo faz uma linha torta que meus olhos seguem com admiração.
E uma cena dessas sempre me lembra outra...
Eu fui um covarde por muito tempo, eu sei. E se ontem eu só queria o doce beijo da morte, hoje não quero mais nada. Nada mesmo.

SONO DESREGULADO

Olha só: bom dia, mundo! Dormi ontem cedo demais e acordei cedo também! Antes das seis! Solidão enquanto todos dormem: só me resta escrever...

domingo, outubro 28, 2007

SEM TE DEIXAR

Eu quase te deixei. Por um momento, quis te abandonar. Deixar-te por aí, às traças. Até que a poeira do tempo te cobrisse e fizesse todo mundo esquecer você.
E nunca mais tatuaria em você minhas verdades, minhas mentiras, meus devaneios, meus sonhos, minhas idéias, nem às lembranças daquilo que eu nunca vivi...
Mas não posso fazer isso. Porque você foi em você que eu me apoiei, quando precisei. E, no meio da madrugada chuvosa e sem nuvens você foi minha companhia fiel. Nas alegrias sufocantes, você gritou comigo. Nos dias em que apenas quis ser outra pessoa, você me fez ser quem eu quisesse.
Não poderia te abandonar, simplesmente. Não vou te largar, porque preciso de você. Como parte da minha vida. Você não é para mim só um espaço em branco em que eu faço as pichações que me levam ao céu. Eu sou como você. Vazio. E, juntos, a gente se completa.
Letras e fotos unidas publicam minha alma fantasiada de carnaval. Isso eu não deixarei. A porta sempre está aberta.

LIBERTAR DE MIM

Demorei muito tempo pra entender. E agora percebo que fui apenas igual. Então, compreendi o meu erro. Eu rezei por você. Agora entendi que não preciso me machucar. O que tiver que ser, será. Desejo apenas boa sorte. E que o melhor aconteça pra você. Porque, para mim, a página já estava ficando pesada demais. E, agora, eu vou flutuar. Pode ir em paz.

FEVEREIRO AGORA

A alegria transborda todos os poros do espaço que exite entre o meio fio e o caminhar. Vou adiante e cada vez mais além. Ele é mestre, mas agora discordo um pouco. Não vou ficar me guardando pra quando o carnaval chegar...

sábado, outubro 27, 2007

A RECEPÇÃO

Sobre o nó corroído e desfeito ouvi
quem quer sabe, antes
pergunto por quê?
Há a dor do reflexo do laço?
O polimento do trato?
Ou só a fonte dor cruel de noticiar?
Tudo me cura e me mata
me infiltra e me vaza
se seca e desagua na sede

ENSEADA DOS MAGOS

Pontilhado caminho de estrelas sob as gotas de chuvas que insistem em cair demais sobre toda a minha pele...
Eu andando sobre as águas durante o dia e também pela noite, ainda que contra a maré, sem entregar os pontos ao medo de ser sozinho, rodeado de outros diferentes, como toda ilha sempre será...
Uma vida mais clara, na espera do encontro da Lua que ficou por trás das nuvens, enquanto chovia... Até mesmo dentro de mim...

domingo, outubro 14, 2007

AS CORES DESTE SOM

Entre as cores tão alegres que vejo e o dia que se abre feliz, ouço a trilha sonora cheia de sons novos, semi-novos, usados, velhos e acabados, mas sempre tão coloridos quanto o gosto de água fresca que paira nesta manhã anil...

SEM MEDO DE SER FELIZ

Hoje, acordei bem cedo e fui até a janela ver o sol por cima das casas... Para meu espanto, um pardal pousou ao meu lado, na janela! Ele praticamente ignorava que eu estava ali, ao seu lado. Um pardal comum nunca manteria tal proximidade com um estranho, já que os instintos de proteção recomendam distância. Mas, alguém naquela manhã resolveu sair da defensiva...

quinta-feira, outubro 11, 2007

AMANHECE OUTRA VEZ

Mais uma noite sem dormir... Com uma companhia que eu não quero ter... E não posso ver... Tudo passa...

SOBRE O QUE FALAM DE MIM

Um dos esportes favoritos de quem escreve é inventar situações e alimentar os sonhos/devaneios/imaginação/fofocas... As pessoas sempre vão além... Uma forma de se divertir em grupo... Já o disse: Uma das definições de literatura é "recriar a realidade"... Minha vida, dependendo da fonte onde se bebe, pode ser literatura ultrapura! Quer mesmo saber? Vem matar a sede bebendo no convívio diário, no corpo-a-corpo, no lado-a-lado...

UM PEQUENO BALANÇO PARCIAL

Passo o olhar por mim no que ficou pra trás e vejo três coisas: mudei, estou bem melhor e escrevo com muitas reticências...

quarta-feira, outubro 10, 2007

O PRAZER DE VER DE NOVO

Por um instante,
admiro cores que eu não olhava há muito...
E redescubro que gosto de verde.
Mais do que do azul.
Mais do que do preto.
Mais do que do branco.
Mais do que do vermelho.
Mais do que do cinza.
E, às vezes, dá pra dizer que
mais do que muita coisa que vejo por aí...

UM FIO NOS DEDOS

Um garoto joga um Ioiô
despreocupado e feliz.
Deixando o tempo correr,
ansioso por crescer
e descobrir que foi
assim feliz

sábado, outubro 06, 2007

ÀS VEZES, PRECISO

Há momentos na vida em que a gente precisa de ficar alguns instantes bem, mais beeeeeem burro!
Quero ver um filme destes previsíveis de carnificina, romance água com açucar ou suspense barato...

CADA LETRA

Uma mensagem, às vezes pode dizer mais do que cabe nas palavras... E ouvi que palvras não fazem nada, por si. Concordo. E o que fazer a mais pra relevar o conteúdo das frases? SAUDADE

...AGORA VEJO...

... Assim sozinho...

...SOU REALMENTE...

...tão incompleto...

CLARIDADE DE LUZ DE VELA

A dor a gente escolhe. É estranho pensar, mas é assim, dizem alguns orientais. Acho que eles podem star certos. Pode ser possível quando penso que a vela gera a luz, mas a gente se prende à dor do preço pago pelo pavio queimado, pela parafina consumida, pouco a pouco, até se extinguir e deixar de iluminar. O preço que é pago pela luz que a gente vê... Tudo se desgasta. E depois se renova. A natureza, já sabia Lavoisier, não está satisfeita com o estático e muda tudo de forma...
Não é que eu não tenha pago minha parcela, por ver a luz. Poucos viram as lágrimas que correram em meu rosto no dia e agora, enquanto escrevo... Deixe que elas sejam só minhas.
Para os outros, pode ficar parecendo outra coisa. Mas deixe pensarem o que quiser. Eu não estou nem aí! O que vale é o que há por dentro...
Tudo são escolhas e fiz a minha. Eu nem quis olhar qual foi o preço. Apenas preferi recordar dos momentos de luz que ficaram. E como foram muitos e intensos...
Me lembro da voz cantando canções que não conheço, que não são do meu tempo. Lembro-me do chá de erva cidreira, do angu com leite e açucar, da comida cheirosa... Lembro-me do terço nas mãos e um livro com muitas orações. Lembro-me que aprendi o que significava "cabelos grisalhos"... Das risadas gostosas e inesperadas, das histórias de tempos e terras distantes. De uma máquina de costura, agulha e linha. Da caneca de metal. Das fotografias antigas que se revelavam em histórias que eu tinha saudade de não ter vivido. Dos olhos verdes, que eu olhava de perto tentando entender porque se alegravam tanto ao me verem. Da teimosia, da memória invejável, do bom coração e dos defeitos que eu aprendi a gostar. De pernas que eu fazia ginástica e da mão que segurei, carinhosamente, sobre as minhas, pedindo calma e sentindo as dobras da pele. Sem saber que seria, aquela, a última vez.
Você me disse muito obrigado pelo que eu fiz, e eu não entendi por que. Eu disse que você já estava bem e que estávamos da mesma maneira, quando eu ainda era pequeno e massageava os seus pés. Acho que, na verdade, dissemos: "Eu te amo!". E pra mim foi o que ficou.
Eu nem quis te ver, por entre as flores. Bobagem. Sinto que não faria nada diferente e que tudo foi feito. E sei que, agora, a luz é leve e paira próxima de mim, ainda que eu não possa vê-la, guardada em algum lugar atrás da minha retina ou presente ao lado feito fumaça que não posso ver ou sentir, mas posso saber de sua sombra angelical.
Eu te amo, querida!

sexta-feira, outubro 05, 2007

TABELADO

Algumas pessoas do meu círculo de amizade às vezes têm dificuldade de definir ao certo o relacionamento em que foram se meter. Pensando numa solução para isso, inventei uma tabela, simples e prática. Imprima e carregue no bolso: em caso de dúvida, o casal envolvido descobre o nome mais apropriado para o relacionamento conforme o número que sair, tirado num par ou ímpar em que cada um só pode usar uma das mãos. Assim, temos:


0 = Amantes
1 = Amigos coloriodos
2 = Beijantes
3 = Casados
4 = Ficantes
5 = Namorados
6 = Noivos
7 = Paqueras
8 = Pegantes
9 = Relacionamento aberto
10 = Rolos

Às vezes, é melhor deixar que o destino decida... Espero que ajude a quem precisa! Desta forma eu fico rico vendendo esta idéia, já registrada em cartório! Vivas ao meu faro empreendedor para as novas necessidades num mundo cada vez mais moderno! Mais um serviço de (in)utilidade pública deste blog!

quarta-feira, setembro 26, 2007

MÃOS POSTAS SOB O QUE VIRÁ


Não sou um castelo. Não sou uma montanha. Não sou de aço inoxidável. Não sou quem vai sobreviver às baratas. Não sou um deus pagão. Não sou o herói do dia. Não sou aquele que nunca vai cair. Não sou Aquiles sem calcanhar. Não sou uma bactéria extremófila. Não sou isso daí, não...
Sem forças, eu estico a mão para me segurar, me levantar e, enfim, caminhar sereno outra vez.

terça-feira, setembro 25, 2007

UM LIVRO

Parado na prateleira... Pega. Sopra a poeira. Sente nos dedos a capa semi conservada... Abre e folheia. Nos dedos, o tato de páginas amarelas e desgastadas pelo tempo... Já está velho. Não serve mais. Mas fica tão elegante na estante... Por que o amor por um objeto? Eles, hoje em dia, não servem pra mais nada. Escrever pra quê, meu Deus?

COMO ESTÃO VOCÊS?


Eu vou assim, obrigado. Bem. Uma luta sutil. O silêncio que deixa a surdez transparecer. Um tênue equilíbrio. Um fio azul que vou levando devagar, em marcha, aos poucos, para desaguar no mar da solidez de não sentir a leve agonia que teima em pairar sobre a bruma da manhã. Mais um dia e eu sigo remando...

terça-feira, setembro 18, 2007

NÃO!!!

Desta vez, não! Obrigado...

segunda-feira, setembro 17, 2007

UMA MÚSICA MUITO DISTANTE

O que sopra ao leste vem agora me dizer aos ouvidos:
"-Onde está você aí dentro, meu amigo?"

DEVAS DESENCANTADAS

Num chão em vão, a roupa de linho e ela dança uma valsa que ninguém mais quer tocar. O som saiu do meu ouvido e, pensamentos depois, ela sorriu, meio desconcertada por não perceber que não havia vinho no copo e, portanto, motivo para estar bêbada!
Infelizmente ela era dessas que levam um banho de sobriedade da realidade...

UM TROPEÇO, DO OUTRO LADO DA RUA


C
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c
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n
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chão raso, duro e infeliz.