sexta-feira, outubro 31, 2014

A CHUVA VIRÁ

Eu aprendi que, quando a gente não consegue chorar porque as lágrimas secaram de tanto que se chorou, esse pranto fica guardado e, um dia, ele precisará sair.

É como um monte de entulho no coração, amontoado num canto escondido de quem tenta ver por fora, mas tão evidente para quem convive com aquilo. O choro tem gosto de pó de brita, seco e áspero como se fosse uma lixa contra o metal.

A chuva pode cair no chão ressecado e, vinda de uma tormenta, transformar aquilo num lamaçal. O barro sujo e podre, então, pode transbordar em lágrimas cristalinas, trazendo um alívio feito de água e sal.