terça-feira, abril 29, 2008

ABRINDO ESPAÇO


Espaço reservado para protestos contra o mundo

TATEANDO O ESPELHO

Exercício de abrir os olhos. E agora? O que vejo?
Eu tão incoerente. Adoeço-me tentando me curar. Como uma febre que mata tentando matar o mal que me mataria...
Eu tão antagônico como a Física. Como uma luva que recebe a força do próprio soco em si mesma...
Eu tão estranho, que nem me reconheci.

terça-feira, abril 22, 2008

PROGRESSÃO





O dia amanhece
, o Sol sobe e cresce mais e mais.
Prossigo valente mirando o poente calmo do cais.

MINHA IDADE

Mergulho na fonte. Pasmo de tonturas, escuto o Sol dizer algo além do que podem as palavras dizer. Eu quase adulto.
Observo o monte. De baixo, atento. Confuso de certezas, enxergo aquele cheiro de bolo de trigo que há muito não vejo o forno fazer. Eu quase um velhinho.
Tombo na grama. Insano de autocontrole, ouço o vermelho repetidamente de lábios úmidos, enquanto passeio de leve em teu jardim. Eu quase menino.
Sem fim.

terça-feira, abril 15, 2008

PÉ DE CACHIMBO


Um jardim só de margaridas.
Ou de Hortências.
Meu parque e minha praça
tem hoje um nome só:
Liberdade!

FRAÇÃO DE LUZ

A alegria,
agressiva e cheia de lascividade,
estupra e pousa sobre o chão onde piso,
quando entra um raio de luz por entre as frestas
ou enquanto tem o soriso de uma flor.

HIPERLINK

Elétrico, programo-me para outra data, em tempo real, antes do tempo.
Eu me rasgo, carrasco do meu prazer de converter em códigos eletrônicos uma maneira de me conectar e arremessar ao teu encontro o coração: "Boa noite!"

O BANHO DA RELVA

Quando os sinos dobram
pelo astro que morre
teu cálice guarda cada gota
do choro das estrelas.
Neste berço suave,
dormem os sonhos da fonte,
enquanto a aurora não vem.

sábado, abril 05, 2008

CADE?

Onde está o relógio? Só vejo os ponteiros...
Aonde foi o gosto por aquilo que eu mais prezava? Hoje sou indiferente...
Onde mora o sorriso? Sobrou um rastro da cauda do cometa...
Onde a sanidade me fez chegar? Outra margem foi preciso...
Onde as pegadas conduzirão? Não quero mais todos os caminhos...
Aonde vou depois da chuva? Vou me molhar num mar qualquer...
Onde encontrar aquele jardim? Sigo a estrada de tijolos amarelos...
Aonde tudo foi parar? Eu não pararei por aqui...

LAUDAS

É límpido e leve o laço que a lentidão da luz me levou.
E levanto o lírio da lágrima livrando-me da lástima.
Longe, lembro do limite:
quebro os contratos para dizer: está tudo bem!

terça-feira, abril 01, 2008

DORME A CIDADE, RESTA UM CORAÇÃO...

Espero você chegar
na esquina do meu desejo
em meio a um sono
que não vem.

Auto-ilusão, eu sei.
Dorme agora, anjo.
Quero velar ao longe
o sono que te carrega agora
para um lugar bonito,
mas longe dos meus braços.

Espero você chegar
a cada passo, a todo momento,
no meu desassossego
ao toque do telefone,
na impressão de ter te visto
e não saber se é um bom vício
ou uma ótima miopia.

Espero chegar esse seu aconchego,
como tábua de salvação,
como brisa em sol a pino.

Que o sono agora é tudo que quero.
E espero. Apenas espero.