sábado, dezembro 01, 2007

UM FILME ANTIGO

O parque no fim da tarde parecia calmo. Num rápido relance o céu beijou de leve as àrvores do pequeno bosque escondido ali. Uma gota a mais de saliva caiu ao chão e deu origem a tantos pássaros que ninguém saberia dizer.
Foi uma tarde, como outra qualquer. E choveu. Para lavar a alma, para chorar de fora pra dentro.
Havia um até logo com gosto de adeus. Algumas pessoas nos ajudam sem saber e se vão...
No final, uma paz estranha tomou conta do coração de quem passava por aquela rua.
Os senhores, por um momento, sentiram vontade de tirar o próprio chapeu e fazer reverências aos pombos. As senhoras deram rodopios, como numa dança de salão, fazendo rodar as longas saias dos seus vestidos. O engraxate assoviou uma canção alegre e até os carros pareciam sorrir.
Ela seguia o seu caminho, cantarolando a canção que aprendera a pouco. O rosto uma expressão entre a melancolia e a felicidade.
A luz vai diminuindo aos poucos num fade-out para, enfim, surgirem letras grandes no horizonte quase negro:
THE END

3 comentários:

Anônimo disse...

as cenas mais belas sempre se iniciam no fim, isso sempre me encucou...

lindo texto,
imagem perfeita...

toca de dentro pra fora,
limpa de fora pra dentro...

Vanessa Anício disse...

Poxa!
Pareceu um palco do céu!
Eu quero passar por esta rua,mesmo sabendo que no final haverá um fim!
Mas as coisas boas nao duram pra sempre ou é a gente que nao sabe conserva-las?
Nossa...vc me fez ficar confusa agora.
Eu nao esperava esse final,mas é a mais pura realidade!
Texto fiel e real...

Grande beijo!

Rapha Vieira ou um dos seus alteregos disse...

Lu, Isso tb sempre me encucou, então obrigado por me fazer sentir menos sozinho! Um grande beijo!
Vanessa, o que é isso? Esse texto fez vc ir longe pra caramba! Eu tive que ir junto com vc... Parece até que vc me revela o que passa escondido até de mim na minha própria mente... Que medo (um medo bom...)! Bjão daqueles grandes, garotinha!