segunda-feira, julho 30, 2007

LÍNGUA E AQUARELA (OU CUMPRINDO UMA PROMESSA)

Este texto na verdade é para cumprir uma promessa que eu quase não cumpri, por lerdeza mesmo... Não gosto de escrever coisas assim, mas às vezes sai... É um lado pouco explorado que eu não considero bom, mas algumas pessoas nutrem curiosidade literária e até me pediram para conhecer... Minha salvação foi encontrar um rascunho que eu nem lembrava mais... Vamos lá:
Tudo começa com os olhos que serenamente me rasgam por dentro... Um sorriso se abre, nada se diz... Daí, um leve toque de dedos sobre a face alva, afável, para sentir como você me sente e tentar entender a delicadeza do desenho de seu rosto. Pra chamar, em silêncio, a primavera para teus lábios e me fazer brotar em suor de orvalho em cada pétala. Devagar, imaginar como é sentes o calor do vapor do meu ar. Ar que respiro só pra dizer aos sussurros colado ao teu ouvido frases que transbordam em mim e já não cabem mais nas paredes desse nosso camaleão. Sentir aproximar de mim teu ventre e tuas mão a percorrer meu peito e braços, numa dança que começa como carrossel e termina como furacão... Sufocar e recuperar o fôlego, perdido só pelo giro da cabeça que quer que o resto do mundo desapareça, que o quarto ao lado não exista e que não seja preciso ficar cheia de dedos... E fazer das pernas todas uma só... Se assustar com o mundo, voltar ao mundo e segurar os teus dedos, como quem procura decorar como é o tato. E ficar sem saber até onde se pode ir... E imaginar que tua pele é quase minha tatuagem. Que essa pele é a tela que eu queria colorir, bêbado de aquarela, numa febre sem fim... Pintar, com a língua, um desenho que só eu pudesse ver, que fosse maior que o infinito e que coubesse em tua nuca... Deixar, entre os dentes, o resumo de todos os beijos e línguas e pele que são segredos nossos... Num vôo noturno, encontrar um lugar que sempre será nosso e que iremos revisitar sempre, ou um cantinho que eu deixarei pra você se deitar ao lado (ou será que é você que me deixa ficar com o resto do espaço?)... E adormecer, louco e sensato, esperando uma nova manhã e uma noite mais além...

SOBRE ALGO QUE EU AMO

Amor nem sempre a gente revela, afinal é meio exagero anunciar aos quatro cantos sobre o coração, mas esconder também não é o caso... E pois é, não há muito como negar isso afinal... Minha família tem importância ímpar no meu coração!
E eu sempre digo que tenho uma família do modelo do século XIX. E é quase isso... É claro que não é exatamente assim, literalmente, mas é muito próximo disto em questão de certas tradições, estrutura, etc... E falo sem nenhum pudor, nem pré-conceitos...
Quando falo sobre esse assunto de família, vem um certo orgulho de ser feliz com a família que tenho: que não é perfeita, como toda família, mas é perfeita pra mim...
E às vezes não me entendem quando digo a primeira frase do segundo parágrafo deste post, mas é só um referencial perante a "modernidade" do mundo... Aliás, quem disse que ser do passado é ruim? Não dizem os saudosistas que o passado é que era bom? Mas também tem os esperançosos que dizem que o futuro é que será melhor! E não dizem os pragmáticos que o hoje é que é melhor tempo, pois é nele que se pode agir? Afinal, quem tem razão?
Pois eu digo que o tempo pouco importa: tudo é bom e é ruim, depende como a gente olha... E tenho certeza de que, quando o assunto é família, vou agir no presente, vivendo de bem com meus companheiros de jornada, feliz com um belo passado que tem muitos bons momentos e tanta coisa ensinada/aprendida e esperançoso com o futuro, que pode até nos surpreender, mas não deixa de fazer a gente sonhar....
Amo esse meu pessoal!

PS: A foto é da família imperial e quero deixar a barba quase igual à doi Dom Pedro... rsrsrs...

quinta-feira, julho 19, 2007

NO RINGUE CONTRA O FURACÃO

Às vezes tenho certeza de que a vida gosta de brincar um pouco... Ou testar o nosso bom humor e ver se a gente gosta mesmo de fazer um dos meus esportes favoritos: autodepreciação...
Háháháháhá! Vamos rir da gente mesmo? Das loucuras, das certezas pretenciosas, da nossa crença de que somos super heróis imortais e intocáveis pela decepção, sobre nossa insistência em pensar que a gente é eterna vítima da situação, da nossa convicção de que temos controle sobre tudo, do engano em acreditar que a gente pode mudar os outros e até mesmo nós mesmos da noite pro dia... Vamos rir da nossa pequenice perante a vida, gargalhar dos nossos complexos de inferioridade...
Por que não rir das nossas fraquezas? Por que não rir do que nos faz chorar? Por que não rir das ironias do destino?
Em tempos atuais, isso pode soar filosofia EMO, mas chorar é bom, eu sei. E também sei que rir também. Pra cada doença, pra cada caso, um remédio.
Hoje, eu quero apenas levantar, ir para o ringue e travar minha luta contra o furacão. Que eu não vou me dar por vencido. Eu assumo a direção da minha vida!

segunda-feira, julho 16, 2007

UM IRMÃO AO TELEFONE

Nuvem leve quase que semi azul de cicatriz
de uma pequena conversa longa
que era início de tempestade e virou prova de amizade,
conforme o vento ia soprando e a distancia entre os trens
e o chinelo preto nos aproximava...
Entender o outro coração grandioso
num rumar no mar sem fim:
explico as músicas e falo de mim
e de nós também, até chegar ao mundo...
Pra depois voltar ao que realmente importa
e ter calma e paz de novo dentro de um coração!
Muito obrigado por me fazer melhor!

sábado, julho 07, 2007

MOTIM DAS PALAVRAS

As palavras não definem.
As palavras querem dizer, mas não digo.
As palvras não serão fiéis.
As palavras se soltam sem querer nos atos.
As palavras põem medo em quem não quer escutá-las.
As palavras são proibidas.
Ah, as palavras...

A UM PASSO DE DIZER

Era ela atravessando a rua. Eu sei que era... A mesma garota que passara ali daquela outra vez... Como eu poderia me esquecer?
Só podia ser ela, porque, como de costume, o céu se abria quando ela andava, o vento varria o chão antes dela pisar, os pássaros mudavam o seu cantar por um hino mágico e suave, a luz ficava mais nítida, o seu perfume corria à sua frente para anunciar a sua chegada, o tempo resolvia voar e fazer-nos sentir que estamos numa cena em câmera lenta...
Com certeza era ela...
E desta vez, eu tentei alcança-la. Corri, por entre os carros, até ver seus olhos fitando os meus.
Expulsei a timidez e disse a ela:
- Desculpe-me, mas eu não posso passar mais uma vez por você sem te conhecer...
Ela me respondeu:
-Mas eu já te conheço! Agora só falta você me ver aí ao seu lado...
Depois dela me dizer isso, fiquei confuso... O mundo girou por um instante e as pernas ficaram bambas, numa vertigem a vista ficou turva... Até que percebi que ela desapareceu, como um fantasma...
E ficou na minha boca somente o gosto de dizer as palavras:
- Muito prazer...