domingo, setembro 30, 2012

EM NOME DO PAI

Eu não te entendo, menina! Fui eu que te coloquei um selo na testa e te mandei seguir o caminho do meio, sempre na estrada pavimentada. E você sempre foi tão obediente! Nunca deu um passo em falso, nunca errou o tom de uma só nota da canção!

Essa perfeição me assustou, pois pensei que não era real. Mas não havia falsidade. Era você mesma, garota! A minha garota! Orgulho para qualquer um! Eu te via, ao longe, trilhando sua própria estrada e era tão bonito ver você alcançar o mais alto dos degraus... Como o criador se deliciando em ver a criatura! Havia uma poesia nisso, algo que não sei descrever.

Mas o tempo foi passando e eu vi que não poderia te ajudar pra sempre. Comecei a sentir um medo em mim. Um medo de te perder. Medo de você se dar conta de que não precisava de mim, de que você poderia escolher o caminho que quisesse. Medo de você não me querer apontando mais direção alguma. E, se isso acontecesse, o que seria de você? Será que você estaria em paz, segura dos perigos do mundo? Saberia se manter inteira num mundo tão cruel?

E foi aí que eu fechei a mão e, naquela noite, te dei um soco. Foi por isso que eu rasguei suas vestes, destruí tuas pernas e te quis como um passarinho numa gaiola. Não queria o seu canto só pra mim, suas cores só pra mim. O que eu queria era te proteger dos perigos que estavam do lado de fora das grades!

E tudo isso porque eu te amo. Foi pra te proteger de você mesma. Ouviu bem o que eu te disse? Eu te amo!