quarta-feira, julho 28, 2010

ENCOMENDA Nº I


Vou esperar
o tempo que for
pra poder ver
aquele sentimento bom
voltar a ser
só meu.
Ou melhor,
de todo mundo!

ENCOMENDA Nº II


Só eu mesmo
sei o quanto é sério
pra mim
cada brincadeira minha.

ENCOMENDA Nº III


Confie em mim.
Eu nunca vou te machucar
por querer...

ENCOMENDA Nº IV


Eu penso nele,
confesso.
Mas quando lembro
das caixinhas de música
me lembro que é
melhor deixar
esse tal de amor
guardado...

ENCOMENDA Nº V


Falta muito, muito pouco
pra meu grito ficar rouco
e meu coração transbordar
ultrajes não engolidos.

ENCOMENDA Nº VI


Eu seguro o céu,
presto atenção no mundo
e as cores serão
notas musicais!

ENCOMENDA Nº VII


As crianças já nascem adultas.
Mas elas preferem não o ser.
Daí, a gente vem educar
e elas são arrancadas do chão.
Obrigadas a crescer!
Quanta maldade!!!

sexta-feira, julho 23, 2010

402


1 dia
6 vão me dar razão
100 se lembrar porém que
1/4 era o que me prendia.
20 contar que não consegui
1/2 de entender minhas
1001 questões, sozinho como estava.
10ta maneira, fui voar nos
7 ventos e nas incontáveis possibilidades de ser
INFINITO!

sexta-feira, julho 16, 2010

NOSSOS ERROS


Ken axa serto cer umano
cem centir compaichão
du zotros en vouta,
sertamente nãum çabe
aomde çegue errano

CIDADE DE DENTRO


Ah, aquela cidade!
É minha mãe, minha terra amada.
Onde sinto-me seguro
como um pombo num vendaval.
Aquelas casas, aquelas ruas.
Aqueles moleques brincando até tarde.
Aquela praça pequena e bonita.
O ar que eu gosto de respirar.
O campo de terra de futebol.
Os pés de manga, o por do sol.
Entre os cachorros latindo na rua,
entre a turma que volta da escola,
entre os bares em cada esquina
existe uma cidade
filha de seu próprio tempo.

quarta-feira, julho 14, 2010

MÚSICA IMAGINÁRIA


Ele chegou na porta da casa dela com um buque de rosas nas mãos. Estava todo arrumado e com a expressão preocupada. Se houvesse uma trilha sonora para aquele momento, ela seria aquela velha música:

"Não sou perfeito, eu sei.
Mas nunca quis te machucar.
O teu perdão é recomeço.
E quero mais recomeçar.
Não fique assim!
Não seja imune
ao que te peço!"

Ela abriu a porta e quase a fechou na cara dele. Ele impediu, segurando-a pelo braço.
Como num filme mudo, desatou todos os nós que tinha no coração dizendo palavras que ela não escutava. Ela dizia que não queria ouvir. Ignorava o clamor. Pegou as flores e jogou-as no chão com raiva. Dizia para ele ir. Esquecê-la de vez. Fechou a porta e deixou-o lá, gritando o seu nome. Até que ele desistiu e foi embora. Chorando. Ela lá dentro da casa, subiu para o segundo andar. Começou a observá-lo pela janela. Viu todo seu sofrimento. Soltou, sem querer, um sorriso no canto da boca. Um sorriso de satisfação. Se houvesse uma trilha sonora nesta hora, ela tocaria essa nova música:

"Aquilo que eu te disse numa cena ilustre
ficou pra trás como um papel rabiscado.
Só sobrou a pequena dor de ter que cair fora.
E não tem remédio! Tarde demais! Tudo acabado!"

terça-feira, julho 13, 2010

TEM CABIMENTO?


Numa caixinha, a gente guarda
migalhas e o mundo, se a gente quiser...

OS POSTES DAQUI


Ela estava ali na esquina fazia algumas horas. Parecia esperar por alguém. Alguém que não chegava nunca. Olhava no relógio de instante a instante. E nada. A impaciência estava consumindo-a segundo a segundo.
Do outro lado da rua, um jovem sentado no chão com uma caixa na mão. Parecia estar tranquilo, como se o tempo tivesse parado por completo. Olhava as nuvens no céu e parecia adivinhar as formas escondidas em cada uma.
Quem passasse poderia ver opostos em cada lado do asfalto, vivendo um instante monocromático. De um lado filme de suspense. Do outro, um musical.
Até que um bloco passou na rua. Era carnaval. Cores, sons, gente. Muita gente.
A moça nervosa foi atrás do bloco e o homem calmo também. Só ficaram no mesmo lugar os postes. Talvez estivessem cansados, sei lá.

quinta-feira, julho 08, 2010

KAIROS


Eu vi os pássaros.
Pequenos rouxinois
saidos do canto do olho
daquele menino.
Ah! Queria meus seios
embarcardos em suas mãos,
repousando antes da tarde.
Esperando a noite vã,
na qual meus suspiros
de mulher arteira
diriam suaves:
bem-me-queres!
Eu vi as nuvens.
Pequenos chumaços
entrando pelos poros
daquele rapaz.
Ah! Queria um anel
selando aquela promessa
jurada sob as estrelas.
Querendo longe a manhã,
a seresta me silenciava
como moça tímida
que calava nervosa:
bem-te-vi!
Eu vi as cores.
completo arco-íris
dentro e fora dos ouvidos
daquele senhor.
Ah! Queria uma foto
para relembrar os tempos
vividos sob cada sol.
Andando até a tarde,
nenhum som se ouvia
e esta velha seguia
gritava serena:
bem que se quis!

segunda-feira, julho 05, 2010

LIBIDO


Sinto um pulsar louco
de vida que quer propagar!
Os olhos, como um radar,
esperam a presa
sedenta do caçador.
O cheiro me sobe,
num calor vertiginoso,
e explode na saliva
uma vontade louca
de sentir aquele gosto
e a textura de pele
mais (de) uma vez.

TU, INGRATA!


Se na calada da noite
queres me alcançar calada,
eu tento escapar
para sobreviver.
Como um gemido preso
pelos lábios selados
entre pudor e o prazer.
Ah, doida agonia!
Por que castigas
assim a quem amas?
Ou sou somente eu
que enxergo em ti um amor?
Tu, ingrata companheira,
visitas-me numa surpresa
e invades gentilmente
um espaço que ultimamente
já espero ser seu.
Será que me apeguei a ti?
Ou será que criei um vazio
no que deixou de ser eu?