quarta-feira, julho 15, 2009

A VELHA FEITA DE ALECRIM

Ela tinha um lenço amarrado na cabeça.
E, eu acho que ela já nasceu com o cabelo grisalho...
O que ela mais gostava era de debulhar e comer romã.
Ou não.
Talvez gostasse mesmo de se perfumar, passar batom e se enfeitar.
Qualquer coisa, falava pra gente ir correndo a uma benzedeira.
Ela cantava músicas que ninguém lembra mais.
Pelo menos uma vez por ano ela defumava a casa com ramos diversos como arruda e alecrim.
Todo dia ela rezava, de manhã e de noite.
Ela picava couve como ninguém.
Se lembrava de tanta coisa e falava de um mundo mágico.
As mãos tremiam tanto...
Sua voz era tão calma e branda.
Seu sorriso era dos mais livres.
Tinha uma tesoura velha de baixo da cama: uma das suas simpatias...
Sua costura era motivo de orgulho.
Ela tinha um cheiro misto de café, erva-cidreira, arruda e alecrim.
E alecrim era a flor do campo que nasceu sem ser semeada...

6 comentários:

Luanda Perséfony disse...

saudade que não cicatriza...
mas, que quanto maior mais preenche a alma...

saudade boa...
que ilumina a vida...

que tal uma homenagem com arruda e alecrim...
acho que pode fazer bem a todos

bjocas

Rapha Vieira ou um dos seus alteregos disse...

Lu, vamos defumar o mundo com alecrim e arruda!
Bjão!

Fênix in Onix disse...

temos mais semelhanças que imaginamos...rs

Natália disse...

Muito lindo!

Saudade assim tem seu lado cruél... Pra mim, fica menos difícl superar por saber que um dia haverá reencontro....

Engraçado é o Amor.... Muitas coisas no mundo podem ser destruídas ou levadas da gente, mas, o Amor, esse não... Ninguém tem o poder de destruir, roubar ou simplesmente diminuir.. Nem "a morte, angústia de quem vive"....

Bjs.

Lunar Strain disse...

Adorei o blog!
Esta postagem... linda e que traz lembranças.
Parabéns!

Rapha Vieira ou um dos seus alteregos disse...

Fênix in ônix, já disse que somos muito iguais... rsrsrs... Afragos e abração!
Nat, concordo com suas palavras em totalidade! Bjs!
Lunar Strain, obrigado pelos elogios! Abraços!