quinta-feira, maio 27, 2010
EU, UM HOMEM DE FERRO
Minha proteção contra o mundo
me define mais do que o que tenho por dentro.
É um escudo que uso como arma.
Eu achava que eu era um cara bom.
O que eu tenho no peito é Paládio.
O que me faz ser o que sou
é a razão da minha dor.
quarta-feira, maio 12, 2010
CASA DO ADEUS
Se se pede pequenas luzes,
quer que fique a escuridão?
Seus olhos estão vendados,
mas quem quer mudar isso?
Já quis entender.
Desisti de entender.
Agora, francamente,
faço questão de não entender.
Deixa eu apagar a luz.
Deixa eu jogar o véu.
Deixa eu cegar a vista
e a faca também.
A ferida agora vai ser
fruto do que não se vê.
sábado, maio 08, 2010
MÉLA REV
PARQUE DO ARREBOL
TODOS OS SANTOS
quinta-feira, maio 06, 2010
FONTE DOS DESEJOS
sábado, maio 01, 2010
VISTA VERMELHA
O metrô é um lugar feito para os flertes. Os bancos ficam em posições em que é quase impossível que todo mundo não se olhe.
E foi assim que eu a vi. Linda. Usava um vestido bem justo, todo de vermelho. Os cabelos ruivos, soltos.
Era impossível não notar que ela estava com um sorriso diferente. Nunca tinha pousado meu olhar nela, mas aquele sorriso era diferente de todos os que eu já havia visto.
Ela se levantou para desembarcar numa estação antes da minha. Não titubiei e saltei do trem ali também. Corri para alcança-la no meio da multidão que subia as escadas daquela estação. Dei três tapinhas de leve em seu ombro direito. Ela parou, se virou e me olhou com um jeito enigmático.
Perguntei:
- Por acaso você não é a irmã da Janete?
Inventei o nome na hora, só para puxar papo mesmo.
- Não, não tenho nenhuma irmã... Mas você é o Adão, certo?
Como ela sabia meu nome? Seu rosto não me era familiar. Eu, como um bom fisionomista, me lembraria, caso houvéssemos cruzado o caminho um do outro... Respondi, surpreso:
- Sim, sou eu...
- Ah, pois é... Tenho algo pra você...
Fiquei muito intrigado com tudo aquilo. Ela procurava algo dentro da bolsa e me entregou dizendo:
- Pegue!
Era uma maçã. Dito isto, ela virou as costas e saiu andando sedutoramente, enquanto eu, maquinalmente, olhava-a com assombro e mordia o fruto que estava em minha mão.
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