Ainda está aqui, bem quente na minha memória. Nunca vou esquecer do dia em que as rodinhas quebraram e eu tive que me equilibrar. A bicicleta me desafiava. Eu queria ser livre, mas hesitei. O prazer e o medo da dor. Mas a bicicleta era maior que tudo isso. A ela pertencia o meu coração!
Então eu fui. Segui em frente. Coroei-me um herói. Um orgulho de mim mesmo.
E ela estava ali ao meu lado, a sorrir. Antes estava apreensiva, assim como eu. Aquela menina ficou feliz porque eu tive a minha vitória. O sorriso dela era pela minha conquista.
Parei a bicicleta mais a frente e ela me deu um beijo no rosto. Senti o sangue ruborizando minha face. Tive vergonha, mas era bom. E eu chamei aquilo de amor.
De noite, os sonhos foram sobre bicicletas e uma menina na garupa. Havia grama, uma rua de terra e bastante sol. Era como se eu sempre soubesse andar sem rodinhas e nunca houvesse existido um tempo antes disso.
Na manhã seguinte, a decepção. A bicileta estava lá, a pracinha e a rua de terra também. O sol e a grama em seus devidos lugares. Nunca mais vi a menina. E só me restou pedalar, voltando ao meu primeiro amor.
2 comentários:
Lindo, Rapha, singelo, poético, nostálgico, encantador, tocante, e tudo isso misturado também.
Obrigado! ;)
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