domingo, agosto 17, 2014

O MENINO DO BALDE AZUL

Ele estava na praia, com o seu baldezinho azul, construindo seu castelo de areia. Ele o fez com o máximo de detalhes que lhe foi possível fazer. Passou uma boa parte daquela manhã ensolarada na praia para erguer sua edificação em miniatura que atraia olhares admirados.

Olhou sua obra como um pai olha contente para o filho que acabou de nascer. Parecia não haver nenhuma imperfeição em sua criação, ao menos aos seus olhos! Aquilo lhe enchia de uma ternura e de uma sensação de alcançar um triunfo que ele nunca tivera ainda em sua curta vida!

Contudo, aos pouco, seus olhos foram ganhando um brilho diferente. A ternura que antes havia foi pouco a pouco sumindo. Seu rosto se encheu de uma excitação assustadora e ele parecia ter fogo em seu sorriso. Era como se experimentasse de um êxtase que lhe furtasse a sanidade e lhe fizesse provar um gosto agridoce de loucura.

Num movimento rápido, pegou seu baldezinho azul e destruiu seu castelinho de areia com toda a força que lhe havia. Reduziu a pó sua construção lúdica, espalhando cada grão de areia para um lado. Olhando o que acabara de fazer começou a sorrir e a chorar ao mesmo tempo, numa expressão indecifrável e amedrontadora.

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