Foi para cozinha, colocou o pó no filtro de papel e a água para ferver. Pegou um pedaço de pão com margarina. Antes de comer, lembrou-se de pegar os documentos na gaveta para levar à moça do departamento pessoal. Assim, o aumento cairia mais depressa na sua conta. Guardou tudo num envelope e este na mochila.
Finalmente tomou um gole do café. De repente, sentiu uma calma única. Tão boa que até deixou a xícara na pia por isntantes. O dia parecia tranquilo, muito calmo mesmo. Nunca sua alma repousara tanto. Parecia que os gritos de suas dores que lhe atormentavam dentro da própria cabeça se fizeram silenciar. Curtiu o silêncio por algum tempo de olhos fechados.
Depois, resolveu ir e não se atrasar.
Quando abriu o portão de casa, percebeu que a rua estava estranhamente calma. Foi então que a cabeça girou, vertigem de surpresa, quando percebeu tudo:
Não era calma. Estava surdo!
4 comentários:
Excelente crônica. De fazer Fernando Sabino ter inveja. Parabéns.
Pra onde estão indo os sentidos?!?!
Acho que estavamos mais ou menos certos - "Acordou estranho. (...) Não havia percebido ainda, mas estava cego!" PRESSÁGIO Segunda-feira, Agosto 11, 2008 - e, esse mais ou menos até me deu um certo medinho... como dito por um amigo seu (meu tbm rsrsrs) aí (num post abaixo) Freud explica.
Tudo se explica por Freud, rs
Mas há coisas que só se explicam quando não esperamos mais por elas.
Parabéns pelo texto.
Miguel, valeu!
Lu, nem percebi que estava perdendo os sentidos aos poucos, segundo Freud... Que medo! Bjs!
Thaís, gostei das suas teorias sobre explicação.... Vou refletir mais nelas, antes de escrever aqui besteiras... Obrigado pelas congratulações!
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