domingo, outubro 03, 2010
O ESTRANHO CASO DE UM AQUÁRIO E UMA MENINA
A menina rezou para chover. Temia que o rio se esvaziasse e faltasse água para o seus peixes do aquário. Ficava muito aflita quando a ração estava por acabar. Não queria passear, viajar, receosa do que poderia faltar aos seus peixes.
Passava horas olhando o aquário. Não por prazer em admirá-lo, mas para certificar-se de que nada saíra do controle. Com o dinheiro de sua mesada comprou duas bombas de ar para deixar de reserva, caso a que estava em uso estragasse.
Quando ela pediu aos pais um sistema de bateria para fazer funcionar a bomba de ar e a iluminação em caso de falta de energia elétrica, eles decidiram leva-la a um psicólogo.
Ela recusava qualquer intervenção da terapia. Acusava o profissional de querer destruir o amor que ela tinha ao seu precioso aquário.
Duas semanas depois, o primeiro peixe do aquário morreu. Apareceu pela manhã boiando, sem nenhuma explicação aparente.
A menina chorou muito por dias. Passou a vestir-se apenas de preto. Entrara num luto sem fim. Ficou conhecida pelo bairro como a viúva do peixe. E assim cresceu.
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6 comentários:
Belo texto, Rapha. Nada como ler algo escrito por quem conhece bem a alma humana! Bjs
Laly, quem é conhecedor da alma humana? Bjs!
Oi, Rapha!
Espero que durante seu crescimento ela tenha percebido os sinais da vida e processado o aprendizado, evitando tornar-se viúva outras vezes...
Kiss
Nat, tomara mesmo, né? Kisses, baby!
Eu acho que ela virou bióloga, Rapha! Ou veterinária! Ou psicóloga das paixões!
Pri, é bem provável mesmo... Afinal, tinha inteligência de sobra pra isso! Bjs!
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