sexta-feira, março 26, 2010

E QUEM É ESSE?


O poeta é feito de sabão.
Se dissolve na chuva, vira espuma e se vai.
O poeta é feito de alecrim dourado
que nasceu no campo sem ser semeado ali.
O poeta é perfume suave
que impregna nas roupas e na sala
porque seu frasco se partiu em pedaços.
O poeta é vômito de náusea
que na alma resolveu se manifestar.
O poeta é a mentira de palavras bem escolhidas
para se fazer prazer de som.
O poeta é o streape-tease do mendigo
e o palco do farrapo humano.
O poeta é esse escravo do objeto
que lhe faz ter luzes de senhor.
O poeta é feito de água
e vive escapando por entre os dedos
de quem tenta pegá-lo.
O poeta é anônimo, surdo e louco.
O poeta é você, é ele, mas nunca eu.
O poeta não é ninguém e é todo mundo.
O poeta já perdeu sua vez.

2 comentários:

Laly Cataguases disse...

"O poeta é vômito de náusea que na alma resolveu se manifestar". Se eu também sou poeta como o texto diz, quando será que terei sensibilidade pra escrever tão belas e profundas palavras? "O poeta é a mentira de palavras bem escolhidas para se fazer prazer de som". Isso é lindo demais e a mais pura verdade (pelo menos penso que sim, já que tenho 2 pessoas muito chegadas que são poetas). Bjs!!!

Rapha Vieira ou um dos seus alteregos disse...

Laly, obrigado pelos elogios. Este foi, dos últimos, foi o que eu mais gostei de escrever... Bjs!