terça-feira, março 18, 2008

EM CARNE VIVA

Me espancaram hoje de manhã. Nove rapazes batiam em mim, enquanto eu gritava de dor. Socos na face, chutes nnos rins, pauladas na cabeça, até eu desmaiar e sangrar tingindo o chão. Pontapés ainda recebi, mesmo desacordado. Por fim, cuspiram em mim, gritaram, xingaram, rasgaram minhas roupas. Riram-se bastante, fartos, não mais sedentos. Jogaram meu corpo inerte em meio ao lixo da calçada. E se foram calmos, assoviando. No hospital, aprendi a ver minhas cicatrizes.
Me sequestraram ano passado. Me tiraram a dignidade, uma parte do meu tempo, da minha vida. Me trancaram num banheiro pequeno, sujo e escuro, sem água nem comida. Me lembro ainda do medo que senti. No final, sairam impunes, andando pelas ruas da cidade. No escuro, aprendi a não querer ver tudo.
Me mataram há cinco minutos. Cortaram minha garganta com uma faca meio cega. Requinte de crueldade. Debocharam do meu urro de dor. E jogaram meu corpo num lote vago. Aprendi a não querer viver para sempre.
Me estupraram há três semanas.Em plena luz do dia. Numa rua sem saída e deserta. Me sinto um bicho sujo e vadio. Doente, dolorido e sombrio.
E eu ainda pretendo ficar de pé.

3 comentários:

Luanda Perséfony disse...

É de pé que a gente descobre que "bicho sujo e vadio" é quem tira a dignidade do outro para tingir a sua falsa fortaleza...

Morri, por cinco minutos, com a dor que este post me causou!!!

... aprendi a querer viver para me levantar sempre, mesmo que em carne viva!!!

Rapha Vieira ou um dos seus alteregos disse...

lu, melhor nem comentar esse coisa para não ficar remoendo... Foi um vômito triste esse post meu... Enfim, bjs!

Renato Carvalho ® disse...

ah fica dificil comentar depois da Lu...mas vou ficar de pé!!